O presidente da Câmara de Lisboa disse esta quinta-feira que continua sem perceber o porquê de o município não ter nomeado um vogal para a nova administração da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, mas assegurou que “não muda nada”.

“Segundo a regra que se instituiu, a Câmara Municipal deveria ter nomeado um vogal para a Santa Casa da Misericórdia, mas isto é um facto, não é sequer uma queixa, é um facto, não deveria ter acontecido, mas não é isso que vai fazer com que a relação mude entre as duas instituições”, afirmou Carlos Moedas (PSD).

À margem de um encontro da Rede Social de Lisboa, que junta a Câmara Municipal, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML), o Centro Distrital da Segurança Social e mais de 500 parceiros com intervenção direta nos apoios na área social, o autarca voltou a falar sobre a nova administração da SCML, que tomou posse em 2 de maio, tendo como nova provedora Ana Jorge.

“A relação entre a Santa Casa e a Câmara Municipal é excelente. Vai continuar a ser excelente. Aquilo que disse na altura, e que reitero, é que tinha havido uma regra estabelecida por este primeiro-ministro, que era uma regra que a Câmara Municipal tinha e dava o nome de uma pessoa e tinha essa possibilidade, exatamente para a colaboração ser tão estreita, para a administração como vogal da Santa Casa, e isso não aconteceu”, referiu Carlos Moedas.

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Ana Jorge toma posse como provedora da SCML e defende reorganização da instituição

Em declarações aos jornalistas, o social-democrata explicou que foi “com estranheza” que recebeu a notícia de que o Governo tinha nomeado uma nova administração para a SCML, porque a Câmara de Lisboa não foi previamente informada e, “pela primeira vez”, não teve a possibilidade de indicar um vogal.

“Essa foi a regra criada pelo primeiro-ministro, que um dos vogais da Santa Casa fosse nomeado pela Câmara Municipal, portanto acho que essa relação era importante. Não aconteceu. Como sabem, sou um político pragmático: Vamos para a frente, vamos trabalhar, vamos conseguir, mas é pena que não tenha acontecido e é uma decisão que continuo sem perceber porque é que isso aconteceu”, frisou.

“O que é que levou o primeiro-ministro a mudar a regra? É uma questão que só o primeiro-ministro pode responder”, ressalvou Carlos Moedas.

Apesar da ausência da Câmara Municipal na administração da SCML, o autarca garantiu que “não muda nada” na relação entre as duas instituições, que trabalham “muito bem” em conjunto, assegurando que “não há aqui nenhum problema, nem nunca haverá”.

Enaltecendo e agradecendo o trabalho da SCML, o presidente da Câmara manifestou “a maior admiração” pela nova provedora, Ana Jorge, referindo que “é uma pessoa que já deu provas na sociedade de que é uma excelente profissional”.

Sobre a vontade da nova provedora da SCML de reorganizar a instituição, o social-democrata disse que não compete à câmara pronunciar-se sobre questões internas da organização, reforçando que o essencial para o município de Lisboa é ter um vogal na administração, o que, neste momento, não existe.

“Aquilo que não muda, e espero que não mude, é a dedicação da Santa Casa à causa que é, neste aspeto, a causa social de Lisboa, em que eles têm essa responsabilidade através daquilo que é a própria constituição da ideia de Santa Casa da Misericórdia, com a relação com a Câmara Municipal de Lisboa. Isso é o único que me preocupa, que me preocupa no sentido positivo, porque tenho a certeza que essa relação não vai mudar, nem poderia mudar”, declarou.

Carlos Moedas realçou que a missão da Santa Casa “é totalmente alinhada com o objetivo da Câmara Municipal, que é ter uma Lisboa que cuida, uma Lisboa solidária e uma Lisboa de proximidade”.

O presidente da Câmara adiantou que tem estado “em contacto” com a nova provedora da SCML sobre o trabalho conjunto na cidade.

No discurso de abertura do encontro da Rede Social de Lisboa, que decorreu no auditório do Instituto da Segurança Social (ISS), com a presença do administrador da SCML, Sérgio Cintra, o autarca destacou a importância do trabalho em rede, porque “ninguém sozinho resolve nenhuma situação”.

“Uma cidade que não cuida das suas pessoas não tem futuro”, afirmou Carlos Moedas, defendendo o reforço do estado social local que completa o estado social nacional e considerando que, com o crescimento da comunicação digital, é importante a criação de vínculos com as pessoas para que o mundo continue coeso.