Nos últimos anos, a comunidade científica tem atribuído o primeiro registo conhecido de um beijo romântico a um manuscrito da Idade do Bronze que terá sido produzido na Índia em 1.500 a.C. Mas um artigo publicado esta quinta-feira na revista Science veio desafiar esta teoria, alegando que há evidências de que a prática já tinha sido documentada no Egito e na Mesopotâmia em 2.500 a.C — isto é, há cerca de 4.500 anos.

O beijo não surgiu numa localização específica do globo ou de forma abrupta, acreditam os dois autores das universidades de Oxford e Copenhaga, mas terá sido praticado em múltiplas sociedades ao longo de vários milénios. Aquilo que não é universal, apontam, é o tipo de beijo, que separam em duas categorias: fraternal/familiar e romântico/sexual. O primeiro transcende tempo e geografia, ao passo que o segundo não é universal e é dominante nas sociedades estratificadas.

Um estudo sobre a transmissão do vírus methanobrevibacter oralis sugere que neandertais e humanos podem ter trocado beijos na boca há cerca de 100 mil anos. Duas esculturas pré-históricas, uma encontrada nas cavernas Ain Skhri, em Belém (11.000 a.C) e a outra em Malta (3.200 a.C), sugerem que a prática entre humanos existia ainda antes da escrita — o artigo atribui a invenção da mesma ao Iraque e ao Egito, em 3.200 a.C. No entanto, o primeiro registo conhecido de um beijo romântico remonta a escrituras produzidas na Mesopotâmia a partir de 2.500 a.C. 

Os investigadores referem ainda um outro estudo publicado pela Universidade de Cambridge em 2022 que mostra que os avanços tecnológicos permitiram extrair ADN de restos humanos que remontam à Antiguidade, sugerindo após a sua análise que o vírus HSV-1, responsável pela infeção da herpes, surgiu há cerca de 5 mil anos durante as grandes migrações da Idade do Bronze. Uma vez que a sua transmissão acontece por via oral, é possível que o seu aparecimento tenha coincidido com a troca de saliva dos primeiros beijos românticos.

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