O até agora bispo auxiliar de Braga, D. Nuno Almeida, foi nomeado esta sexta-feira para bispo de Bragança-Miranda, confirmou a Conferência Episcopal Portuguesa num comunicado enviado à imprensa.

“A Conferência Episcopal Portuguesa congratula-se com a nomeação de D. Nuno Manuel dos Santos Almeida, até agora Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Braga, como Bispo de Bragança-Miranda, desejando-lhe um fecundo ministério pastoral junto do Povo de Deus desta Diocese”, lê-se na nota.

D. Nuno Almeida tem-se destacado, nos últimos anos, como uma das vozes mais audíveis da ala progressista da Igreja Católica em Portugal, sobretudo devido aos seus fortes pronunciamentos relativamente à questão dos abusos sexuais de menores, mostrando-se sempre favorável à investigação e ao afastamento dos suspeitos.

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Após sete anos como bispo auxiliar, D. Nuno Almeida é agora elevado à categoria de bispo titular, ocupando a sé de Bragança-Miranda — que estava vaga desde o final de 2021, quando o anterior bispo, D. José Cordeiro, foi nomeado arcebispo de Braga para substituir D. Jorge Ortiga, que se reformou.

“Desde a sua ordenação episcopal a 31 de janeiro de 2016, D. Nuno Almeida tem participado ativamente na Conferência Episcopal, nomeadamente como Vogal da Comissão Episcopal do Laicado e Família e da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios de 2016 a 2023, e a partir de agora como Presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família”, diz ainda o comunicado da CEP.

D. Nuno Almeida nasceu em 1962 em Sátão, Viseu, e entrou no seminário logo após a quarta classe. Em 1984, concluiu os estudos teológicos e foi ordenado padre dois anos depois, em 1986, tendo passado por várias paróquias e funções na diocese de Viseu. Entre 2004 e 2006, foi chefe de gabinete do então bispo de Viseu, D. António Marto, que mais tarde viria a tornar-se bispo de Leiria-Fátima e cardeal.

Já depois disso, continuou os estudos, fazendo o mestrado e obtendo o doutoramento em Roma, tornando-se professor universitário. Em 2015, o Papa Francisco elevou-o a bispo, nomeando-o para o cargo de bispo auxiliar de Braga, que tem ocupado desde então.

Ao longo do último ano, marcado na Igreja Católica portuguesa pela crise dos abusos de menores, D. Nuno Almeida veio a público várias vezes para se pronunciar a favor de uma investigação rigorosa e do afastamento dos padres suspeitos.

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Em maio do ano passado, D. Nuno Almeida afirmou que a Igreja não podia mais “tolerar uma espécie de conspiração do silêncio” em relação à crise dos abusos — uma intervenção que foi classificada pela comissão independente que investigou os abusos como “a mais importante proferida pela hierarquia da Igreja” até ao momento, especialmente numa altura em que não havia unanimidade entre os bispos portugueses sobre a investigação levada a cabo pela comissão independente.

Já em março deste ano, quando o tema do debate público na Igreja Católica eram as questões jurídico-canónicas em torno do afastamento ou não de padres no ativo sobre os quais recaíssem suspeitas de abusos, D. Nuno Almeida voltou a pronunciar-se publicamente em defesa da atuação “sem hesitação” por parte dos bispos, incluindo afastando os padres suspeitos de funções.

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No início deste mês, num discurso na Universidade Católica, D. Nuno Almeida voltou a defender a ação rápida da Igreja e reconheceu as responsabilidades institucionais da Igreja nos abusos. O combate contra os abusos sexuais de menores no contexto eclesiástico “não foi uma prioridade para a Igreja e houve erros, omissões e negligência”, disse.