O Presidente chinês, Xi Jinping, prometeu esta sexta-feira construir mais ferrovias e outras ligações à Ásia Central, e desenvolver com a região novos gasodutos e oleodutos, ilustrando a crescente influência de Pequim nas antigas repúblicas soviéticas.

A Cimeira China-Ásia Central, de dois dias, está a decorrer em Xi’an, no centro da China. A cidade serviu outrora como ponto de partida na antiga Rota da Seda – a rede de rotas comerciais que ligava o Extremo Oriente à Europa.

O evento decorre em simultâneo com a Cimeira do G7, que reúne os líderes dos países mais industrializados no Japão. Isto ilustra os esforços de Pequim para criar novas vias comerciais e fontes alternativas de fornecimento energético e de outras matérias primas, visando assegurar a segurança de abastecimento, num período de crescentes fricções geopolíticas com os parceiros comerciais ocidentais.

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A Ásia Central ocupa um espaço central nas ligações ferroviárias entre Europa e China, uma parte importante da iniciativa “Faixa e Rota”, um gigantesco projeto internacional de infraestruturas lançado pela China, que prevê a abertura de novas vias comerciais na Eurásia. A China construiu alguns dos maiores portos secos do mundo naqueles países, capazes de descarregar um comboio de contentores em menos de 50 minutos.

Como segundo maior consumidor de energia do mundo, a China investiu também milhares de milhões de dólares na Ásia Central visando aceder às reservas de gás natural da região.

O Gasoduto China-Ásia Central, inaugurado em 2020, forneceu 43,2 mil milhões de metros cúbicos de gás natural à China, no ano passado, segundo dados citados pela agência noticiosa oficial Xinhua. As iniciativas de Pequim corroeram a influência russa sobre as ex-repúblicas soviéticas, que consideram a segunda maior economia do mundo cada vez mais como um importante mercado e fonte de investimento.

“Precisamos de expandir os laços económicos e comerciais”, disse Xi aos homólogos do Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, Turcomenistão e Uzbequistão.

Numa referência às nações ocidentais, Xi pediu que a região “se oponha resolutamente à interferência externa” e a “tentativas de instigar ‘revoluções coloridas'”, numa referência aos movimentos que derrubaram líderes em países como a Ucrânia e a Geórgia.

O líder chinês prometeu aumentar o comércio transfronteiriço, através da construção de mais ligações rodoviárias e ferroviárias, e incentivar as empresas chinesas a estabelecer armazéns na Ásia Central. O mesmo responsável prometeu simplificar os procedimentos para a importação de produtos oriundos dos países da região.

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Xi propôs ainda o estabelecimento de uma parceria China-Ásia Central para desenvolver novas fontes de petróleo e gás, dizendo que Pequim quer acelerar a construção de um novo gasoduto para importar gás da região.

O líder chinês prometeu também ajuda aos governos da Ásia Central no âmbito da segurança e do combate ao terrorismo, acrescentando querer “promover a paz em conjunto” no Afeganistão. Pequim anunciou anteriormente planos para um centro antiterrorista regional, visando treinar forças de segurança da Ásia Central.

“Devemos manter tolerância zero com as três forças do terrorismo, separatismo e extremismo”, disse Xi.

A crescente influência da China tem suscitado alguma oposição entre as populações locais, particularmente no Quirguistão e no Cazaquistão. Em causa estão a aquisição de terrenos por entidades chinesas, o crescente endividamento para com Pequim e a repressão exercida pela China na região de Xinjiang contra os uigures – etnia chinesa de origem muçulmana que também vive na Ásia Central.