O juiz Carlos Alexandre, de 62 anos, é um dos três candidatos ao cargo de Procurador Europeu. De acordo com a SIC Notícias, o magistrado será um dos nomes portugueses indicados para o processo de escolha para o cargo, em substituição do juiz José Guerra, cujo mandato termina no final de julho.

À Lusa, fonte ligada ao processo confirmou que o Conselho Superior da Magistratura (CSM) já recebeu duas candidaturas — a de Carlos Alexandre e a do juiz de direito Filipe Marques, que já presidiu à MEDEL, associação europeia de magistrados em defesa da democracia.

Se forem validadas, as duas candidaturas recebidas serão suficientes para cumprir o mínimo de três candidatos ao cargo, já que o procurador José Ranito mantém a sua candidatura pelo Conselho Superior do Ministério Público (CSMP).

O processo de seleção do representante português na Procuradoria Europeia (que funciona como um Ministério Público independente e altamente especializado, focado sobretudo em crimes de fraude lesivas dos interesses de Bruxelas), tem sofrido atrasos sucessivos após terem desistido dois candidatos — entre eles Ivo Rosa, atualmente juiz do Tribunal Penal Internacional.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Comissário europeu insiste que Portugal apresente três nomes para procurador europeu

As novas candidaturas surgem um dia depois do comissário europeu com a pasta da Justiça, Didier Reynders, ter dito no parlamento português que insistiu para que Portugal indique três candidatos a procurador europeu.

Depois de, no início do ano, os conselhos apenas terem apresentado um candidato cada, o Ministério da Justiça (MJ) apelou à reabertura dos procedimentos de candidatura tanto no CSM como no CSMP, algo que ambos os conselhos rejeitaram, abrindo na altura um braço de ferro com o Governo nesta matéria.

O MJ acatou na altura um parecer do Conselho Consultivo da Procuradoria-Geral da República, o qual previa que pudessem ser apresentados no total apenas três candidatos, ao invés de seis (três por cada conselho), abrindo ainda a porta a que os conselhos superiores pudessem suprir a falta de candidaturas com o envio de convites diretos a magistrados, algo que CSM e CSMP rejeitaram por completo, alegando estar em causa a independência do cargo.

Assim, à fase de escrutínio pela Assembleia da República, e apesar da insistência da ministra da Justiça, Catarina Sarmento e Castro, para que fosse possível encontrar mais candidatos, chegaram apenas José Ranito, pelo Ministério Público, e Ivo Rosa, pelo CSM, sendo que do lado dos juízes já tinha havido uma desistência anterior, do desembargador Rodrigues da Cunha, e uma candidatura não validada por não estarem cumpridos todos os requisitos, do juiz Filipe Marques, que já esteve à frente da associação europeia de juízes MEDEL.

Ivo Rosa desiste da candidatura a procurador europeu

No entanto, no dia em que teria lugar a audição pelos deputados do juiz Ivo Rosa, este anunciou a sua desistência, deixando José Ranito como único candidato português a suceder a José Guerra.

Face a novo apelo do Governo para reabertura de concurso, apenas o CSM acedeu ao pedido, tendo até agora recebido dois candidatos. O CSMP insistiu na recusa em reabrir o processo.

O Conselho Superior de Magistratura só divulgará de forma oficial os nomes dos candidatos depois de os comunicar ao Ministério da Justiça. O prazo de aceitação termina no final desta sexta-feira.