A agência de notação financeira Moody’s manteve sexta feira o ‘rating’ de Portugal em ‘Baa2’, mas subiu a perspetiva de estável para positiva.

“A decisão da Moody’s de alterar a perspetiva para positiva reflete a probabilidade crescente de que um longo período de reformas económicas e orçamentais, desalavancagem das famílias e sociedades não financeiras e reparação do setor bancário irá resultar numa melhoria contínua e sustentada do perfil de crédito, em particular na economia e força orçamental”, refere a Moody’s, no relatório sobre a dívida soberana portuguesa.

Já a afirmação do ‘rating’ em Baa2 reflete “a significativa diversificação da economia do país”, bem como um “nível de riqueza relativamente elevado” e uma “elevada solidez institucional, com um peso de dívida ainda elevado e uma exposição moderada a riscos de eventos relacionados com o setor bancário e riscos geopolíticos”.

Na avaliação a Moody’s parte de um cenário no qual prevê um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) 2,2% em 2023, refletindo um desaceleramento significativo da procura interna, e 2% em 2024.

Estima ainda que a economia cresce cerca de 2% em média nos próximos cinco anos.

A agência destaca também a descida do défice no ano passado, assim como do rácio da dívida pública, sublinhando que se fixou abaixo do nível pré-pandémico de 2019 e dois anos antes do esperado pela Moody’s na última ação de rating.

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“A Moody’s espera que as autoridades continuem comprometidas com políticas orçamentais prudentes e que as medidas de política relacionadas com a energia sejam reduzidas ao longo de 2023-24”, assinala, projetando que o peso da dívida caia para 103% do PIB em 2024.

A agência poderá subir o ‘rating’ do país se “surgirem novas evidências de que as métricas da dívida soberana continuarão a melhorar a um ritmo constante, o crescimento económico permanecerá sólido e que o impacto na dívida dos choques económicos será moderado e rapidamente revertido”, indica.

“Um impacto mais positivo da implementação de projetos de investimento e de novas reformas macroeconómicas ligadas ao Next Generation EU (NGEU) no potencial de crescimento de Portugal apoiaria tal avaliação”, acrescenta.

Por outro lado, refere que a perspetiva “provavelmente voltaria a ser estável se o peso da dívida retomasse uma tendência de alta”, o que explica, se poderia “manifestar” através de uma “diminuição do apoio político a políticas orçamentais prudentes, incluindo uma maior procura por gastos mais altos ou um crescimento económico materialmente menor do que as previsões atuais da Moody’s”.

A última vez que a Moody’s se tinha pronunciado sobre Portugal foi em 17 de setembro de 2021, quando subiu a notação da dívida portuguesa de ‘Baa3’, acima de ‘lixo’, para ‘Baa2’, com perspetiva estável.

No segundo semestre, a DBRS será novamente a primeira agência a pronunciar-se sobre a dívida soberana portuguesa, em 21 de julho.

O ‘rating’ é uma avaliação atribuída pelas agências de notação financeira, com grande impacto para o financiamento dos países e das empresas, uma vez que avalia o risco de crédito.

No segundo semestre, a DBRS será novamente a primeira agência a pronunciar-se, em 21 de julho.