A Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), organismo dependente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), defendeu esta segunda-feira “a necessidade de olhar com outros olhos para os professores e reconhecer a dignidade e a importância da sua missão”.

Numa nota intitulada “Dignifica a Educação é Cuidar o Futuro”, o organismo presidido por Pedro Vaz Patto considerou que se vive “um momento delicado em que a realidade da educação não pode ser ignorada e em que estão a ficar bem visíveis diversas problemáticas que à escola dizem respeito”.

Reportando-se às exigências dos professores, que levaram a múltiplas ações de protesto nos últimos meses, a CNJP sublinhou que “em todos estas questões, ressalta um denominador comum: esta é uma classe profissional cuja dignidade e importância têm sido esquecidas, ou até desprezadas, nas últimas décadas. Importa agora reverter este esquecimento”.

“No curto prazo, urge dar respostas positivas às exigências atuais dos professores e criar um quadro de responsabilidades. É preciso revalorizar ‘exteriormente’ e socialmente esta profissão; isso passa por um conjunto de medidas que incluem certamente melhores salários e condições de trabalho”, refere a nota.

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Já quanto ao médio prazo, “vale a pena ir introduzindo pequenas reformas, adaptadas a cada realidade escolar, sempre objeto de avaliação, evitando o experimentalismo gratuito”.

“Essas reformas só serão possíveis no quadro de uma efetiva autonomia e responsabilização escolar. Uma verdadeira flexibilização curricular implica meios e mais docentes capazes de dar corpo a uma diversidade de acompanhamento educativo e não pode ser uma forma de reduzir custos nem fabricar sucessos”, acrescenta.

Também para o longo prazo são apontados caminhos, como “repensar seriamente modelos de escola e formatos didáticos e pedagógicos”.

“Importa promover e testar modelos de organização e gestão escolar mais flexíveis, mais orgânicos, que respeitem a individualidade e a autonomia de professores e alunos. Modelos que tornem a vida dos professores mais interessante, vibrante e realizada. Espaços mais cativantes para o desenvolvimento pessoal e académico dos alunos, onde estes possam crescer no compromisso com o bem comum e no cuidado do outro”, conclui a Comissão Nacional Justiça e Paz.