O ministro francês das Forças Armadas, Sébastien Lecornu, defendeu esta segunda-feira um investimento de 413 mil milhões de euros ao longo de sete anos para a “reparação de equipamentos de defesa” danificados e para “transformar” certas funções dos exércitos.

O governante, que falava perante a Assembleia Nacional (parlamento) na abertura da discussão sobre o projeto de lei de programação militar 2024-2030, apoiou este texto que “não propõe uma rutura fundamental” com o modelo histórico francês.

Sébastien Lecornu defendeu que o projeto de lei procura uma adaptação num momento de “dura competição entre grandes potências, num contexto de proliferação nuclear”.

O texto deve “procurar a reparação de equipamentos de defesa danificados no passado por políticas imediatistas”, salientou.

O investimento deve permitir modernizar a dissuasão nuclear, melhorar o tratamento das tropas e também investir em ciberespaço, espaço e fundo do mar, noticiou a agência France-Presse (AFP).

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O debate deverá centrar-se rapidamente na quota do Produto Interno Bruto (PIB) dedicada à defesa, enquanto a França, como membro da NATO, comprometeu-se a aumentá-la para 2%.

Antecipando as críticas da oposição, o ministro convidou os deputados para “um momento de verdade política”.

Os opositores desta Lei de Programação Militar acusam o governo de adiar os aumentos orçamentais mais significativos para após 2027 e o fim do segundo mandato de cinco anos do Presidente Emmanuel Macron.

Lecornu criticou aqueles que “reduziram os orçamentos” das Forças Armadas enquanto estavam no poder, numa referência à direita e aos socialistas.

O ministro das Forças Armadas também lembrou que os investimentos foram definidos “de acordo com a necessidade” dos exércitos e “a capacidade de produção” da indústria francesa.

No entanto, este projeto de lei também resultará em atrasos na entrega de diversos equipamentos importantes, como os blindados Scorpion, aeronaves Rafael ou fragatas de defesa e intervenção, o que preocupa a oposição.

Os deputados da França Insubmissa (LFI), de extrema-esquerda, apresentaram o seu próprio contra-projeto, defendendo a saída do comando integrado da NATO, mas também a análise da “parceria privilegiada” com a Alemanha, apontando para o Scaf, o projeto europeu para a construção de caças, liderado pela França, Alemanha e Espanha.

Ecologistas e comunistas estão contra o projeto para um futuro porta-aviões e Fabien Roussel, do Partido Comunista Francês (PCF), apresentará uma moção para rejeitar o projeto de lei, defendendo em particular a saída da dissuasão nuclear.