Uma das chaves para combater a falta de mão-de-obra na Europa é a oferta de melhores salários, segundo um estudo publicado esta terça-feira pela Confederação Europeia de Sindicatos (CES), que celebra em Berlim o 50.º aniversário da sua constituição.

Utilizando uma análise comparativa das ofertas de emprego e dos salários em 22 países da União Europeia (UE), o estudo mostra que os setores que têm mais problemas em encontrar pessoal pagam, em média, menos 9% do que aqueles que têm mais facilidade em recrutar mão-de-obra.

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O relatório surge depois de a taxa de ofertas de emprego na UE ter atingido níveis recorde no ano passado, causando problemas de produção em 25% das empresas.

Embora esta situação tenha sido normalmente atribuída à falta de pessoal qualificado para alguns postos de trabalho, a nova análise, realizada pelo Instituto Sindical Europeu, indica que os baixos salários são um dos principais fatores subjacentes à escassez de mão-de-obra.

Em 13 dos 22 Estados-Membros da UE para os quais existem dados disponíveis, os setores onde a escassez de mão-de-obra aumentou mais entre 2019 e 2022 também ofereceram os salários mais baixos.

“Um salário digno é bom para os trabalhadores, bom para os empregadores e bom para a Europa. Os baixos salários estão a alimentar a crise do custo de vida, enquanto a escassez de mão-de-obra está a prejudicar o desempenho económico e os serviços públicos da Europa”, afirmou a secretária-geral da Confederação Europeia dos Sindicatos, Esther Lynch.

“A Europa tem de ser um ótimo lugar para trabalhar. Já nos anos 80, Jacques Delors prometeu aos trabalhadores europeus o direito à aprendizagem ao longo da vida. Chegou o momento de cumprir essa promessa fundamental para uma Europa social”, acrescentou.

O chanceler alemão, Olaf Scholz, proferiu um discurso no congresso em que salientou a tarefa que os sindicatos cumpriram e a necessidade de todos poderem viver do seu trabalho.

Scholz afirmou que a diretiva relativa ao salário mínimo era um passo na direção certa, mas que só podia ser um primeiro passo.

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“Se temos de falar sobre o salário mínimo, então algo está errado, porque os baixos salários são o resultado do facto de muitos trabalhadores não estarem vinculados a acordos coletivos. E a negociação coletiva está em declínio na Europa. O objetivo deve ser o seu aumento”, sublinhou Scholz.