Tina Turner vendeu mais de 100 milhões de discos em seis décadas de uma carreira atribulada, pela vida pessoal e pelas doenças. Foram 10 álbuns de estúdio, 2 álbuns ao vivo, 2 bandas sonoras, 5 compilações e um sem número de êxitos. É impossível escolher os melhores. Fica uma mão cheia dos seus maiores sucessos e as histórias que lhe estão por detrás.

What’s Love Got to Do With It (1984)

É com esta música que consegue pela primeira vez chegar a número 1 das tabelas dos EUA como cantora a solo. É também a música que lhe vai valer levar para a casa o Grammy de música desse ano.

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Mas, sobretudo, é com “What’s Love Got to Do With It” que Tina Turner consolida o seu status de estrela do rock. Curiosamente a canção nem foi escrita para ela e ela também nem lhe achou muita graça. Por isso impôs condições para a gravar.

Escrita por Terry Britten e Graham Lyle, Cliff Richard, Donna Summer e Bucks Fizz recusaram-na. Tina também lhe torceu o nariz, achando-a levezinha. Mas acedeu desde que pudesse cantar “com força, gravidade e emoção crua”. É ouvir e perceber como a versão sexy, em tom de desafio, funciona tão bem na voz dela.

Junte-se a isso aquele videoclipe em que anda — melhor, desfila — pela ruas de Nova York de saia de couro preto e blusão de ganga, e percebe-se como aos 44 anos conseguiu tornar-se, à época, a mulher mais velha a atingir o primeiro lugar no top (Billboard) dos Estados Unidos.

A canção deu depois nome ao seu filme biográfico de 93, protagonizado por Angela Bassett.

Private Dancer (1984)

A canção que dá nome ao seu álbum mais vendido não deixa muito à imaginação sobre qual o tema que trata. Mas Tina Turner disse numa entrevista, mais tarde, que não percebeu no início que a música era sobre uma trabalhadora do sexo.

“Private Dancer” foi gravada pela primeira vez pelos Dire Straits, e escrita pelo vocalista da banda, Mark Knopfler. Só que Knopfler, vá lá saber-se porquê, achou que não tinha nada a ver com uma voz masculina.

We Don’t Need Another Hero (1985)

É a canção principal do filme Mad Max – Beyond Thunderdome, onde também entra como actriz ao lado de Mel Gibson (já tinha sido chamada para Tommy, de 1975, e voltaria a actuar em Last Action Hero, de 1993).

Tina é a má da fita do terceiro e último filme da trilogia Mad Max, que tinha começado em 79, surgindo como a vilã Entity. Tal como toda a série do cinema, que se desenrola numa ação pós apocalíptica, “We Don’t Need Another Hero” tem uma letra que fala da desolação do mundo.

A cantora acabaria por dizer que se identificou quer com a personagem, quer com o filme. “Ela perdeu tanto, passou por tanto para conseguir que os homens do seu mundo a respeitassem. Identifiquei-me com as lutas dela porque as vivi”, disse na altura.

A música chegou ao segundo lugar nos Estados Unidos e esteve nomeada para os Grammy.

Steamy Windows (1989)

Do álbum Foreign Affair, a canção rapidamente disparou nos tops internacionais. A letra é claramente ousada e deixa poucas dúvidas sobre o que acontece no banco de trás de um carro e quem lidera esse encontro sexual.

A Music Week escreveu na altura que se tratava de uma letra feminista, sobre o empoderamento das mulheres. “Deliciosamente ousado” com toques de “guitarra travessas” e uma “letra sensual”.

The Best (1989)

A canção que marcou uma década também não foi escrita para ela, nem foi ela a primeira a cantá-la. Há quem lhe cha,e “Simply The Best”, mas “The Best” foi originalmente um pequeno sucesso da galesa Bonnie Tyler em 1988, para quem tinha sido composta.

A voz única de Tina Turner “acrescentou-lhe” o título novo no refrão, quando a gravou no ano seguinte, tornando-a “sua”. Foi um hino aproveitado por várias marcas ao longo de anos: a própria Tina fez o anúncio para a Pepsi..

Proud Mary (1971)

A música que lançou Tina Turner, ainda ao lado do marido abusador, Ike. O seu primeiro grande êxito, o início atribulado de um sucesso a dois de que demorou a libertar-se.

O estilo, esse, já era inconfundível. A canção começa com uma introdução só com meras palavras, até Tina mostrar o que vale: fazendo explodir a sua voz até onde poucos conseguiam e mostrar ao que vinha.

“Proud Mary” chegou a estar no quarto lugar do top americano e ganhou um Grammy. Quando Beyonce a homenageou no Kennedy Center Honors em 2005, foi a música que escolheu. Três anos depois, as duas cantaram-na em dueto nos Grammy.

Texto corrigido sobre a canção The Best, que estava trocado com Steamy Windows