Ganhou oito Grammys ao longo da carreira, entrou no Rock ‘n’ Roll Hall of Fame em 2021 e, na verdade, chamava-se Anna Mae Bullock. Muitos são os pormenores conhecidos sobre a vida de Tina Turner, um dos maiores ícones da história da música, que morreu esta quarta-feira aos 83 anos. Mas sabia que foi a primeira mulher e a primeira mulher negra a aparecer na capa da Rolling Stone, ou que no ano passado foi lançada uma Barbie em sua homenagem? Estas são algumas curiosidades sobre a artista, que no último mês de vida concedeu duas entrevistas nas quais falou sobre a paixoneta eterna, os rituais de beleza e os segredos de uma vida bem vivida.

Morreu Tina Turner. Cantora norte-americana e diva do rock tinha 83 anos

1. Tina Turner foi a primeira mulher e a primeira mulher negra na capa da Rolling Stone

“Tina Turner é uma tipa incrível. Ela vem nesta mini-saia curtinha, muito acima do joelho, com milhões de lantejoulas prateadas e estrelinhas coladas. A sua forma de dançar é completamente desenfreada”. Foi assim que, em 1967, a revista Rolling Stone descrevia o fenómeno Tina Turner na sua segunda edição — lançada a 25 de novembro. A cantora tornava-se, assim, na primeira mulher – e na primeira mulher negra – a aparecer na capa da revista, lançada nesse mesmo ano. E, como já antecipavam na altura, “era alguém pela qual valia a pena sentar e prestar muita atenção”.

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Depois da estreia de 1967, Tina Turner ainda apareceu na capa da Rolling Stone pelo menos mais nove vezes, incluindo numa edição em 1984, em que a revista destacava a sua história de sobrevivência à violência doméstica. “Durante duas décadas a cantora foi espancada e brutalizada num dos casamentos mais famosos na história do R&B. Mas deixou esses anos para trás. Agora é a mulher mais sexy a atuar em três continentes”, descrevia na altura.

Mais recentemente Tina Turner surgiu com vários artistas na capa da edição especial de maio de 2006, lançada para assinalar a edição 1000.º da revista.

2. Tina Turner honrada com Barbie inspirada no look de “What’s love got to do with it”

O vestido preto curto, o caso de ganga azul e o penteado icónico. Este foi o look escolhido para representar a Barbie Tina Turner, inspirado no videoclip What`s love got to do with this”, lançado em 1984.

A boneca, criada pela empresa de brinquedos Mattel, faz parte da coleção Barbie Signature Music Series e foi anunciada no ano passado. “A Barbie celebra a carreira musical sem precedentes e a jornada de Tina Turner”, pode ler-se no site da empresa, onde o modelo da cantora está à venda por 55 dólares. “Sinto-me honrada por ter a minha Barbie a integrar o grupo de mulheres pioneiras já representadas e por dar a conhecer a mais crianças a minha jornada até aqui”, assumiu na altura a artista num comunicado.

A Barbie foi lançada no ano em que se celebrava o 40.º aniversário do lançamento de “What’s Love Got to Do With It”, música com que Tina Turner venceu três prémios nos Grammys de 1985.

3. Uma propriedade de 76 milhões de dólares com vista para o lago Zurique

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Dave Benett/Getty Images

Tina Turner morreu esta quarta-feira em casa, na localidade de Kusnacht, perto de Zurique, segundo confirmou o seu agente em comunicado. Apesar de ter sido lá que passou os últimos momentos, esta não era a única residência no país. A estrela de rock e o marido, Erwin Bach, compraram também na Suíça uma propriedade no valor de 76 milhões de dólares, no ano passado.

A viver desde 1994 na Suíça, o casal sentia-se “muito confortável” no país, segundo revelou Bach ao jornal Handelszeitung, em janeiro de 2022. Por essa altura, o casal já tinha adquirido a nacionalidade suíça — Bach era natural da Alemanha e Turner dos Estados Unidos — e comprar uma propriedade na vila de Staefa foi um passo lógico, explicou.

A propriedade tem mais de 24.000 metros quadrados, é composta por dez edifícios e tem uma lagoa e riacho, uma piscina e vista para o lago Zurique. Foi adquirida durante a pandemia, altura em que se abstiveram de viajar para o estrangeiro. Em Staefa, o casal era vizinho do tenista Roger Federer, que, segundo relatam alguns jornais suíços, chegou a ponderar adquirir a mesma propriedade.

4. A paixoneta eterna por Mick Jagger, que nunca lhe deu crédito pelos movimentos de dança

Ao longo da sua carreira Tina Turner chegou a colaborar várias vezes com os Rolling Stones e em proximidade com Mick Jagger. Em 1966, abriu concertos juntamente com Ike Turner — na altura ainda eram casados — para a banda quando fazia a tournée pelo Reino Unido e em 1969 voltaram a apoiá-los nos Estados Unidos. Em 1981 chegou também a atuar com o vocalista dos Rolling Stones no festival Live Aid, na Filadélfia.

Há cerca de um mês a artista revelou que sempre teve um ponto fraco por Mick Jagger. “Eu sempre tive uma crush pelo Mick Jagger. Eu adorava quando fazíamos tours com os Rolling Stones”, admitiu ao The Guardian, numa das últimas entrevistas que deu.

Tina Turner já tinha afirmado no passado que foi com ela que o cantor dos Rolling Stones aprendeu muitos movimentos de dança, apesar dele nunca o ter reconhecido. “O Mick queria dançar e eu era uma dançarina. Mas ele nunca me deu crédito”, disse ao Daily Mail, segundo o The Independent. “Ele disse que a mãe o ensinou a dançar, mas eu e as raparigas trabalhávamos com ele no camarim”, revelou.

5. Fé, rituais e o segredo de uma vida bem vivida: a entrevista à Vogue uma semana antes de morrer

Precisamente há uma semana, a Vogue britânica publicou a última entrevista de Tina Turner. Num estilo muito pessoal, a cantora falou sobre os rituais de beleza, a fé, a paixão pela dança e sobre a forma de viver que a mantinha jovem, mesmo aos 83 anos.

Explicou que é um “sim” ao deitar tarde e levantar tarde — hábito de anos e anos de turnés — , à abertura a tratamentos e terapias alternativas e à oração diária, uma vez que se apoiava muito na fé, o budismo. Na mesma entrevista revelou que não usava perfume, mas que gostava de ter a casa perfumada para a tornar convidativa; que adorava passar os dias na Suíça com o marido e conduzir pelas montanhas; e que a forma favorita de se exercitar (e que não é uma surpresa) era a dança. “Qualquer desculpa e danço em qualquer lado”.

Sobre o musical “Tina Turner”, que estreou em 2018, a artista admitiu ter sido um processo “doloroso” em alguns momentos, mas que lhe permitiu fechar um capítulo e responder a questões que ainda a assombravam. Destacou, sobretudo, a forma com espera que traga esperança e felicidade aos que o veem.

Quanto ao segredo para uma vida bem vivida, também tinha uma resposta pronta: “A minha vida foi cheia, mas com muitos momentos tristes que agora perdoo e tento esquecer. Talvez essa seja a resposta: tentar seguir em frente, deixar o passado, tentar preencher a vida com amor”, assumiu. “É assim que estou agora e estou agradecida”.