A North Face, marca de roupa e equipamento desportivo outdoor, é o mais recente alvo dos conservadores americanos na guerra cultural em curso no país contra empresas consideradas “woke”, por apoiarem a comunidade LGBTQ.

A escassos dias do início de junho, o Mês do Orgulho LGBTQ nos Estados Unidos, proclamado em 1999, há já 24 anos, pelo então Presidente Bill Clinton, como homenagem à chamada “Revolta de Stonewall”, que a 28 de junho de 1969 deu início ao movimento civil de luta pelos direitos dos homossexuais no país, são inúmeras as empresas a apresentar, como habitualmente, os seus anúncios de apoio à comunidade, cuja sigla entretanto cresceu e passou a incluir não apenas gays e lésbicas, mas também bissexuais, transexuais e queers.

Depois de Bud Ligh e Target terem visto as suas campanhas de marketing atacadas nas redes sociais e até nas lojas, com a retalhista americana a decidir retirar vários produtos da coleção “pride”, alegadamente para salvaguardar a segurança dos próprios funcionários, eis que surgem apelos ao boicote da North Face.

A marca, que vende roupa para caminhadas e outras atividades de ar livre, partilhou esta semana no Instagram um vídeo em que Pattie Gonia, “homossexual profissional, ambientalista e drag queen” com mais de 153 mil seguidores no TikTok, deixa um convite: “Saiam connosco para a natureza”. Detalhe: em inglês, “come out” também significa assumir a orientação sexual ou de género.

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Quantas vezes teremos de explicar aos departamentos de marketing ‘woke’ destas empresas nojentas que a América não é uma nação de degenerados?“, reagiu no Twitter Lauren Boebert, congressista republicana do Colorado e ativista pró-armas, apelando ao boicote da marca.

“Está na hora de boicotar QUALQUER produto que a North Face tenha fabricado. Vamos fazer com que seja tão vergonhoso usar North Face como é beber Bud Light!”, acrescentou ainda, numa referência à cerveja sem álcool da Budweiser que, numa tentativa de gerir os danos provocados pela parceria com Dylan Mulvaney, influencer transgénero, anunciou esta quinta-feira descontos de até 15 dólares na compra de packs de 15 cervejas.

A também congressista republicana Marjorie Taylor Greene, que em 2022 chegou a ser expulsa do Twitter, por disseminar desinformação sobre a pandemia, de regresso àquela rede social, acusou a North Face de estar a “aliciar” crianças.

“O facto de as grandes marcas visarem sexualmente as crianças faz com que eu queira agora comprar toda a roupa de marcas genéricas”, escreveu. “Além disso… podemos poupar uma fortuna ao NÃO desperdiçar dinheiro em marcas que estão a aliciar os nossos filhos.”

Nos últimos cinco dias, as ações da VF Corp, que detém marcas como Vans, Timberland e North Face, caíram 13,87%.

No Instagram, a empresa justificou a campanha com Pattie Gonia, que aliás já tinha dado a cara pela marca na edição de 2022, e reiterou o apoio à comunidade LGBTQ.

“Reconhecemos a oportunidade que a nossa marca tem de moldar o futuro da vida ao ar livre e queremos que esse futuro seja um lugar mais acolhedor e amável. Estamos a fazer uma parceria com a Pattie porque acreditamos que a vida ao ar livre é para todos”, pode ler-se no comunicado divulgado esta sexta-feira.

“A comunidade online da North Face foi concebida para ser um ambiente seguro, positivo e inclusivo. É por isso que temos uma política de tolerância zero contra comentários racistas, discriminatórios, ameaçadores, abusivos, prejudiciais, vulgares ou ofensivos nas redes sociais, que serão removidos imediatamente.”

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