O maestro venezuelano Gustavo Dudamel demitiu-se da direção musical da Ópera de Paris “por razões pessoais”, anunciou a empresa esta quinta-feira em comunicado, avança o The New York Times.

Dudamel, 42 anos, estava no cargo desde agosto de 2021 e tinha ainda quatro anos de mandato por cumprir. Em fevereiro, o maestro já dado conta de outras mudanças: vai deixar a Filarmónica de Los Angeles, que liderava desde 2009, para a concorrente de Nova Iorque, na temporada de 2025-2026.

Sobre a saída da Ópera de Paris, Gustavo Dudamel afirmou: “É com o coração pesado e após muita ponderação que anuncio a minha demissão”. “Não tenho outros planos senão estar com os meus entes queridos, a quem agradeço profundamente por me ajudarem a continuar a ser forte na minha busca para crescer e me manter desafiado, tanto pessoal como artisticamente, todos os dias”, acrescentou.

O jornal norte-americano recorda que o mandato do popular maestro é “um dos mais curtos na história recente da Ópera de Paris” e que saídas abruptas são pouco comuns no universo da música clássica, em que os maestros tendem a cumprir a duração dos contratos e em que as temporadas são planeadas com anos de antecedência.

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À frente da Ópera de Paris desde agosto de 2021, Dudamel dirigiu óperas como Turandot, de Puccini, Le nozze di Figaro, de Mozart, Tristan und Isolde, de Wagner, e Nixon en China, de John Adams. Ainda não é certo o que acontecerá a dois compromissos que o maestro já assumira para a temporada 2023-2024: uma nova produção da ópera Lohengrin, de Wagner, e a estreia parisiense da ópera The Exterminating Angel, de Thomas Adès. De acordo com o New York Times, a Ópera de Paris e o maestro estão ainda a discutir o que fazer quanto a estes projetos, assim como a vários concertos com a orquestra.

“O que torna esta notícia particularmente chocante é quão bem Dudamel foi recebido em Paris. É popular entre o público, a imprensa e – crucial em França, em que o apoio do Governo às artes é excepcional – os políticos. Em Setembro, depois de uma performance aclamada de Tosca, o Presidente Emmanuel Macron, um frequentador assíduo na ópera, condecorou Dudamel com a Ordem das Artes e das Letras”, escreve Mark Swed, crítico de música clássica do Los Angeles Times.

Dudamel goza de uma rara popularidade fora do circuito da música clássica, depois de ter aparecido num espetáculo da Super Bowl, em 2016, ao lado dos Coldplay, e de ter dado voz à personagem Trollzart, também ela maestro, no filme de animação “Trolls World Tour”. Tem até uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.