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O enviado especial da China trouxe à Europa uma mensagem clara para a resolução do conflito na Ucrânia: os aliados europeus devem mostrar autonomia face à posição dos EUA e exigir um cessar-fogo imediato, nem que para isso a Rússia fique com os territórios ocupados. A informação é avançada pelo Wall Street Journal, que cita diplomatas europeus envolvidos nas conversas que têm sido mantidas entre Pequim e a Europa nas últimas semanas.

Li Hui, o enviado chinês que nas últimas semanas se tem encontrado com vários líderes europeus, terá instado os países europeus a olharem para a China como uma alternativa viável a Washington, e que Pequim está empenhado em trabalhar para acabar com a guerra.

A mensagem terá, no entanto, sido recebida com desconfiança por parte dos responsáveis europeus. Alguns dizem que ainda é cedo para descartar a China como um parceiro viável para chegar ao fim do conflito, mas entendem que Pequim tem dado sinais de não ser um mediador imparcial, dados os laços que mantém com Moscovo. Para a Europa, uma coisa é clara: o continente permanecerá em sintonia com os EUA, e só aceitará o início das negociações quando as tropas russas se retirarem do território ucraniano.

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“Explicámos que congelar o conflito não é do interesse da comunidade internacional a menos que haja uma retirada das tropas russas”, referiu ao Wall Street Journal um diplomata envolvido nas conversas com Li Hui.

Os responsáveis ouvidos dizem que “é impossível separar a Europa da América”, e que o continente não irá deixar de apoiar a Ucrânia, antes de questionar os reais interesses da digressão diplomática chinesa. “Provavelmente estão a testar a união do Ocidente e a tentar mostrar iniciativa”.

Alheia às suspeitas vindas do Ocidente, a China tem continuado a sua excursão pelo continente europeu para discutir uma via diplomática para o fim do conflito. Depois de ter visitado Kiev, Varsóvia, Berlim, Paris e Bruxelas, Li Hui esteve esta sexta-feira com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov.

O chefe da diplomacia russa aproveitou para criticar a Ucrânia e o Ocidente por alegados “obstáculos sérios” colocados no caminho da paz.

“O ministro dos Negócios Estrangeiros russo reafirmou o comprometimento de Moscovo com uma solução político-diplomática para o conflito, fazendo nota dos obstáculos sérios ao reatar de conversas de paz criados pelo lado ucraniano e os seus mentores ucranianos”, disse o ministério russo de acordo com a AFP. O responsável do Kremlin aproveitou ainda para elogiar a posição “equilibrada” da China quanto à invasão.

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Serguei Lavrov e o enviado especial chinês Li Hui encontraram-se esta sexta-feira

O encontro entre os dois responsáveis serviu ainda para discutir o estreitar de relações entre as potências. “Ambas as partes expressaram a sua prontidão para fortalecer ainda mais a cooperação russo-chinesa, com vista a manter a paz e estabilidade na região e no planeta como um todo”, diz o Kremlin.