Dar caras às “lutas” do Bloco de Esquerda. É este o propósito das mexidas na lista da moção A, de Mariana Mortágua, à Mesa Nacional (uma espécie de direção alargada) do partido, que surgem misturadas com a continuidade de todos os rostos principais do partido, incluindo Catarina Martins — que vai inclusivamente continuar a ter assento na Comissão Política, órgão de direção mais restrito.

As novidades surgem, assim, como forma de dar mais fôlego e representatividade às causas e movimentos sociais em que o Bloco de Esquerda se quer focar para enfrentar a maioria absoluta. Entre as novas entradas encontram-se representantes de setores em luta com o Governo, como professores e enfermeiros sindicalizados; ativistas antirracistas e LGBT, incluindo uma ativista transsexual; e o caso de um sindicalista que conseguiu ‘roubar’ uma comissão de trabalhadores ao PCP.

Entre as ativistas que vão integrar a nova Mesa Nacional do Bloco contam-se a socióloga Ackssana Silva, ativista antirracista de 31 anos e eleita na Assembleia Municipal da Amadora; Aliyah Bhikha acumula o ativismo na mesma área com o facto de ser dirigente estudantil, um público-alvo que também interessa ao Bloco — é vice-presidente da associação de estudantes da Universidade Nova de Lisboa e tem apenas 21 anos.

Entra também na lista Júlia Pereira, ativista transsexual que já foi candidata a deputada, e Beatriz Realinho, uma das organizadoras do movimento pelas marchas LGBT no interior do país.

Da área da Saúde, em que o Bloco também quer apostar, entram Tânia Russo, dirigente do Sindicato dos Médicos da Zona Sul, e Mário Macedo, descrito no Bloco como “o enfermeiro star”: é enfermeiro especialista em saúde infantil e pediátrica e tem alguma presença mediática, além de ter ganhado uma quantidade de adeptos significativa no Twitter (tem mais de 25 mil seguidores na conta onde vai partilhando informações e análises sobre a profissão e o SNS). Inclui-se também na lista Lúcia Carvalho, dirigente sindical da Fenprof, outra área cara ao Bloco.

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Entre os sindicalistas que estarão na direção alargada, uma outra curiosidade: Rui Moreira, assistente comercial, fez parte da lista vencedora para a Comissão de Trabalhadores da Altice — ganhando pela primeira vez uma lista que não está associada ao PCP.

De resto, não há grandes novidades: os nomes dos principais dirigentes estão todos no elenco, incluindo Pedro Filipe Soares, Marisa Matias, Jorge Costa, Joana Mortágua, Fabian Figueiredo, José Soeiro, Isabel Pires, José Manuel Pureza ou Catarina Martins, que ficará também na Comissão Política. A lista A espera crescer — desta vez só tem uma moção na concorrência — e eleger mais de 60 membros, estando a planear ir rodando alguns elementos, nas reuniões em que os membros eleitos não possam estar presentes.

Há também um regresso: é o caso de Luís Monteiro, que depois de ter sido acusado (e devolvido a acusação) de violência doméstica por uma ex-namorada, ex-militante bloquista, retirou-se da corrida aos órgãos internos do Bloco na última convenção. Desta vez, volta em 18º lugar, depois de a ex-namorada se ter retratado das acusações que lhe fez. Depois disso, retirou a queixa por calúnia que tinha apresentado contra a jovem. O resultado da eleição para a Mesa Nacional será conhecido no domingo.