Também de gaffes se faz a festa. Que o diga David Neres. Quando os jogadores começaram a ser chamados um a um para receber o troféu, o brasileiro foi dos primeiros a subir à plataforma que se encontrava no centro do relvado. Com a alegria de alguém de idade semelhante ao número sete que usa nas costas, correu direto ao sítio onde ia ser levantado o troféu. Foi tão rápido a chegar lá que ignorou, inadvertidamente, o presidente da Liga, Pedro Proença, que lhe estendia a medalha de campeão. Quando se apercebeu que os colegas tinham algo no pescoço que no dele não reluzia, o extremo voltou atrás para receber o prémio.

Mesmo assim, esta não foi a única imprecisão da festa do Benfica no relvado. Se a lista que o speaker anunciava com os nomes dos campeões por ordem numérica era composta pelos jogadores que tinham conquistado o título, foi com surpresa que André Gomes, guarda-redes vencedor da Youth League, que tem sido habitualmente a terceira opção para a baliza da equipa principal, foi chamado, tendo em conta que não faz parte da lista de jogadores campeões. Mas por se tratar de uma presença habitual junto do plantel, talvez tenham achado normal que fosse igualmente homenageado.

Terminada que estava a apresentação de todos os jogadores, seguiu-se o staff, onde Luisão foi o mais aplaudido. Só que, afinal, ainda faltava um jogador. Léo Kokubo, guarda-redes japonês, que, frente ao Santa Clara, participou no aquecimento.

Mas não só de erros se fez a festa do Benfica na Luz. Um vídeo com os melhores momentos da época iniciou os festejos que terminaram com fogo-de-artifício. Uma subtil demonstração que os encarnados tinham preparado uma festa arrojada para um título que, à entrada para a última jornada, podiam até não conquistar.

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Antes de tudo isso, ainda o jogo não tinha terminado, e as forças de intervenção aproximaram-se das bancadas não fossem os adeptos benfiquistas, inspirados pelo que se tem feito noutros países, invadirem o terreno de jogo. Mesmo assim, um adepto ágil fugiu ao cordão policial e aproximou-se dos jogadores. Os seguranças rapidamente anularam a investida.

Entres os campeões nacionais, a festa começou logo ali. Já com os jogadores não convocados para a partida com o Santa Clara também dentro do campo, a equipa levantou em conjunto Roger Schmidt. Não demorou muito para que toda a gente recolhesse ao balneário, enquanto a logística para a entrega do troféu era montada. Na pausa até ao regresso dos jogadores, o Dj Kamala fez a música que foi cantada durante todo o dia em que se pedia “Benfica, dá-me o 38” para “Benfica, o 38 é nosso”.

As declarações de Schmidt na conferência de imprensa foram poucas. Duraram minutos os elogios do alemão à equipa, aos adeptos e ao clube. Os jogadores encarnados interromperam as respostas do treinador e as perguntas dos jornalistas ficaram por ali com o técnico encharcado. Na temporada passada, os seguranças do estádio impediram os dragões de festejar desta forma. Já por esta altura, Rui Costa tinha ido ao balneário e cantado o hino com os jogadores.

A chamada dos jogadores — todos a vestirem a camisola 38 e com o cabelo com uma tinta que tentou ser vermelha, mas que se ficou pelo rosa — ao relvado começou com Gilberto. Grimaldo, tal como tinha feito durante o jogo, bateu no peito e despediu-se das bancadas da Luz antes de rumar a Leverkusen. A primeira grande ovação foi para Aursnes. Seguiram-se os principais meninos da formação, António Silva e João Neves. Depois, veio a mostra que para com João Mário e Otamendi não há ressentimentos, apesar do passado nos rivais, com um aplauso que também receberam.

O We Are The Champions na lista de espera da playlist há quatro anos tocou. Quando Otamendi, Roger Schmidt e Rui Costa foram chamados, percebeu-se que, se fosse preciso, estavam ali seis mãos aptas a levantarem o troféu. Otamendi conseguiu fazê-lo sozinho, embora, num ápice, Gonçalo Ramos tenha levado a taça emprestada para ser o primeiro a aproximá-la dos adeptos. A volta olímpica terminou com o hino a ser cantado mais uma vez, agora com o estádio apenas com metade das pessoas dos 63 mil que acolheu contra o Santa Clara.