O presidente do PS, Carlos César, alertou esta segunda-feira que “para se ser autonomista não basta culpabilizar o centralismo”, assinalando que nos Açores a autonomia, que já foi “realizadora”, se tornou “limitada, queixosa e improdutiva”.

“Para se ser autonomista, não basta culpabilizar o centralismo. Infelizmente, hoje, temos uma maioria governante nos Açores que usa profusamente da palavra, mas não usa a autonomia que temos. Por essa inaptidão, a autonomia que já foi ambiciosa, cooperante e realizadora deu lugar à autonomia limitada, queixosa e improdutiva”, indicou o também ex-presidente do Governo Regional dos Açores, numa publicação na sua página pessoal na rede social Facebook.

A mensagem, que termina apelando à “esperança”, porque “tempos melhores virão”, foi divulgada a propósito do Dia da Região, que se assinalou com uma sessão comemorativa nas Lajes do Pico, na qual o presidente do Governo (PSD/CDS-PP/PPM) e os partidos que suportam a coligação do executivo regional deixaram críticas ao Governo da República.

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Para Carlos César, “o centralismo é… o que sempre foi, embora incomparável com os tempos que precederam a democracia ou mesmo com os que se viveram no ‘cavaquismo'”.

“O professor Machado Pires, um intelectual e militante cívico de enorme mérito, já falecido, que muito me ajudou e apoiou, primeiro na Convenção Para Uma Nova Autonomia em 1995 e 96, e, mais tarde, como meu mandatário político regional, disse que ‘não se tem a autonomia que se quer ter, mas aquela que o momento histórico, com a sua dialética própria, permite ter'”, escreveu o socialista.

Referindo-se aos “discursos da cerimónia do dia dos Açores”, Carlos César elogiou a “sobriedade assertiva” de José Eduardo, deputado regional socialista que interveio na sessão. “Uma intervenção própria de um momento que não se confunde com uma qualquer diatribe parlamentar”, observou o presidente do PS.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, exigiu no Dia da Região, que o Estado “cumpra com as suas obrigações”, alertando que a autonomia “não serve como justificação para sacrificar” o arquipélago.

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“A consistência da nossa autonomia política nos Açores não desresponsabiliza o Estado das suas obrigações. Antes pelo contrário, impõe, exige, reivindica, em nome e voz do nosso povo, que o Estado cumpra cada uma das suas obrigações nos Açores”, afirmou o líder do executivo regional (PSD/CDS-PP/PPM), no discurso da sessão solene do Dia dos Açores, nas Lajes do Pico.