Na primeira entrevista televisiva depois do “congresso da consagração”, a nova coordenadora do Bloco de Esquerda repetiu os pontos-chave da mensagem que vai orientar a sua ação nos próximos tempos: fazer do partido que agora lidera “a terceira força política” em Portugal, aproximando o BE da rua e apontando baterias à direita, mas sobretudo ao Governo que, diz, já não consegue resolver os problemas do país.

Em entrevista à CNN Portugal, a recém-eleita líder bloquista hesitou, no entanto, em pedir a dissolução do Parlamento por considerar que essa competência é da inteira responsabilidade do Presidente da República. Sobre se prevê que a atual legislatura chegue ao fim, também se mostrou cautelosa: “Não faço apostas”.

Caso o cenário de eleições antecipadas se venha a confirmar, Mariana Mortágua disse que tal será responsabilidade única e exclusiva do atual Executivo, que considerou estar “a contribuir bastante para a degradação da vida política, e das suas próprias condições de credibilidade e estabilidade”. A coordenadora do Bloco considerou que o Executivo está “há demasiados anos” no poder, e “demasiado ocupado a defender casos e casinhos” para resolver os reais problemas do país.

No atual cenário de maioria absoluta, a líder bloquista considerou também que os protestos nas ruas são essenciais para que as pessoas vejam os seus problemas atendidos e sustentou que as manifestações recentes não acontecem apenas “porque as pessoas estão zangadas”, mas sim porque “querem soluções para a sua vida”. Que soluções? Mariana Mortágua não diz, mas pede “bom senso” ao Governo.

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Os bons resultados económicos não chegam a todos. Há setores muito concentrados onde se ganham lucros astronómicos com a exploração da vida difícil das pessoas e o Governo tem de fazer uma escolha: vai proteger os lucros da banca ou vai proteger as pessoas que não conseguem chegar ao final do mês e pagar um crédito à habitação, que compraram com tanto esforço?”, questionou.

A primeira meta está traçada: nas eleições Europeias de 2024, o Bloco quer “ficar à frente do Chega e da Iniciativa Liberal” e afirmar-se como a “terceira força política” nacional. “É importante ter uma força em Portugal que combata este regime de imposição económica, este regime que nos impede de tomar decisões sobre o nosso país”, reforçou.

Os próximos tempos serão, por isso, desafiantes. Questionada sobre de que forma a sua resposta a esses desafios a poderá diferenciar da anterior liderança de Catarina Martins, Mortágua é sucinta. “O ciclo em Portugal mudou nos últimos anos. O que espero trazer é a minha força, e a minha energia. Trago o que sou”.

Ameaça do Chega e os acordos com PS lá ao longe: os trabalhos que Mortágua tem pela frente