O grupo que se encontrava a bordo do barco que naufragou no passado domingo no Lago Maggiore, ao largo de Lisanza, na região de Lombardia, no norte de Itália, e no qual morreram quatro pessoas, incluía agentes dos serviços secretos israelitas e italianos. A bordo estavam turistas italianos e estrangeiros, tendo 19 pessoas sido retiradas da água por barcos que se encontravam na zona ou conseguido nadar até à costa entre as localidades de Lisanza e Piccaluga.

Quatro pessoas morrem em naufrágio de barco turístico no Lago Maggiore, em Itália

A embarcação em questão é uma balsa holandesa com capacidade para 15 passageiros, mas havia mais oito a bordo do que seria suposto, num total de 23. A embarcação de 16 metros de comprimento não deveria ter-se afastado muito do cais de Sesto Calende para que a sua posição se mantivesse favorável a uma possível operação de resgate com o súbito agravamento do mau tempo, explica o El Mundo. A sobrelotação, segundo as autoridades italianas, foi precisamente o motivo pelo qual não voltaram a terra quando a tempestade se aproximou.

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Afundou a cerca de 150 metros da costa na região de Lisanza e Dormelletto devido à forte tempestade com rajadas de vento entre 70 e 90 quilómetros por hora, que já estava prevista nos relatórios meteorológicos, indicando o jornal espanhol que os mesmos não terão sido lidos ou terão sido subestimados, uma vez que anunciavam o risco de ocorrências mais críticas. No aeroporto de Malpensa, por outro lado, os aviões com partida marcada ficaram estacionados.

Esta terça-feira, em comunicado, Alfredo Mantovano, dos Serviços de Segurança de Informação de Itália, lamentou a morte de Claudio Alonzi, de 62 anos, e Tiziana Barboni, de 53, ambos membros dos serviços secretos italianos que estavam no navio “para comemorar o aniversário de um dos membros do grupo”. Deixaram para trás os seus filhos; ele dois e ela três.

No naufrágio morreu também o israelita Shimoni Erez, de 53 anos e agente reformado da Mossad, segundo o Ministério dos Negócios Estrangeiros de Israel.

A quarta vítima mortal foi Anna Bozhkova, de 50 anos, russa natural de Bryansk e casada com o capitão da embarcação, Claudio Carminati, de 63 anos, com quem era co-proprietária da empresa recém-criada Love Lake srl., dona da balsa afundada e dedicada à organização de excursões e atividades de hotelaria no Lago Maggiore. A publicidade da empresa declarava, entre outras coisas: “Navegamos mesmo em caso de chuva”.

A travessia fatal aconteceu porque os israelitas perderam o voo de volta, depois de viajarem até à Lombardia para algumas reuniões e troca de informações, de acordo com o El Mundo. Decidiram então estender a sua estadia pelo fim de semana e partir apenas na segunda-feira, 29 de maio. Alguém, não se sabe se do lado italiano ou israelita, conhecia o capitão Carminati e terá sido assim que a viagem se proporcionou.

Os restantes passageiros a bordo do navio também eram italianos e israelitas. Segundo os meios de comunicação italianos que reconstituíram o acontecimento, após o acidente começou-se a suspeitar que havia mais agentes do serviço secreto no barco. As autópsias irão revelar se, além de afogadas, algumas das vítimas ficaram presas no casco afundado a 16 metros de profundidade.

A investigação vai ainda tentar apurar se teriam sido feitas alterações ao barco que não estivessem de acordo com os regulamentos para ser criado espaço para os passageiros. Outra das preocupações prende-se o próprio perfil das vítimas e os segredos reais ligados às missões Mossad na região, que fazem com que a complexidade da investigação tenha um alcance maior do que teria um naufrágio comum.