A empresária norte-americana Elizabeth Holmes, uma celebridade de Silicon Valley que chegou a ser apontada como o próximo Steve Jobs, deverá começar esta terça-feira a cumprir a pena de mais de 11 anos de prisão a que foi condenada em novembro do ano passado por fraude.

Holmes foi condenada a 135 meses de prisão (pouco mais de 11 anos) por quatro crimes de fraude relacionadas com a Theranos, a empresa que fundou em 2003 e que prometia um método revolucionário para fazer análises rápidas e detalhadas à saúde a partir de uma simples gota de sangue.

Depois de, em 2015, a ineficácia do método da Theranos ter sido publicamente exposta num conjunto de investigações jornalísticas, Holmes passou a estar sob a mira da justiça norte-americana, por suspeitas de ter defraudado os investidores — que incluem figuras como Henry Kissinger — em centenas de milhões de dólares, convencendo-os do valor de uma tecnologia que, afinal, não correspondia às expectativas.

Elizabeth Holmes, a bilionária “self made” de Silicon Valley que iludiu milhões e caiu em desgraça

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Após esgotar os recursos que lhe permitiram adiar o cumprimento efetivo da pena de prisão, Elizabeth Holmes terá mesmo de dar entrada no campo prisional federal Bryan, no estado norte-americano do Texas, até às 14h desta terça-feira (até às 20h, hora de Lisboa).

Holmes ficará num campo prisional de baixa segurança, destinado a receber exclusivamente mulheres condenadas por crimes federais não violentos. Trata-se de uma prisão que inclui um programa laboral obrigatório — Holmes será obrigada a trabalhar pelo menos 90 dias em trabalhos manuais, recebendo um pequeno salário (que varia entre 12 cêntimos e 1,15 dólares por hora) que deverá ser usado para ajudar a pagar as dívidas da empresária.

Segundo a BBC, naquele campo prisional as reclusas têm também a possibilidade de ter aulas de negócios e línguas, ver televisão, praticar desporto e participar em celebrações religiosas. Além disso, Holmes terá acesso a contacto com a família por videochamada, visitas aos fins de semana e contacto físico com o parceiro e os filhos.

A empresária terá uma vida muito diferente do que tem levado até aqui, devendo passar a dormir numa camarata com quatro ou oito camas, em beliches, e a seguir um horário quotidiano rígido, que inclui horas precisas para acordar, para as refeições e para as chamadas de presença dos reclusos.

De acordo com um longo perfil publicado recentemente pelo The New York Times, Elizabeth Holmes tem passado os últimos dias antes de dar entrada na prisão na companhia dos filhos — um deles recém-nascido — e do companheiro, e tem procurado reabilitar a sua imagem pública, deixando para trás a faceta de empresária tecnológica e apresentando-se como uma “mãe devota”.