O Ministério da Educação da Grécia revelou esta terça-feira que foi alvo de um ciberataque, descrito como o mais extenso da história do país, que teve como objetivo desativar uma plataforma central de exames do ensino secundário.

Os ataques de negação de serviço (DDoS), com o de objetivo sobrecarregar a plataforma, ocorreram esta terça-feira pelo segundo dia consecutivo, referiu o Ministério da Educação grego.

O ataque envolveu computadores de 114 países, causando interrupções e atrasos nos exames do ensino secundário, mas não conseguiu incapacitar o sistema, acrescentou a mesma fonte.

Os ciberataques já estão a ser alvo de uma investigação judicial, determinada por um procurador do Supremo Tribunal que vai ser auxiliado pela divisão de crimes cibernéticos da polícia.

“É o ataque mais significativo já realizado contra uma organização pública ou governamental grega”, realçou o Ministério da Educação, descrevendo os incidentes de segunda e terça-feira como “de grande escala e duração prolongada”.

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Os exames de final de ano do ensino secundário na Grécia são realizados utilizando uma plataforma online conhecida como Subject Bank, projetada para estabelecer um padrão uniforme em todo o país.

As interrupções deixaram alunos à espera nas salas de aula durante horas pelo início dos exames e desencadearam um confronto político, na sequência das eleições gerais inconclusivas no início do mês.

O partido Nova Democracia obteve 40,8% dos votos, o dobro do seu principal adversário, o partido de esquerda Syriza do ex-primeiro-ministro (2015-2019) Alexis Tsipras, que sofreu um duro revés. Mas esse resultado não lhe permitiu obter uma maioria absoluta, ao mesmo tempo que descartou formar uma coligação, o que levou à marcação de novas eleições para 25 de junho.

“Tudo o que temos até agora é uma abdicação arrogante de responsabilidade do governo da Nova Democracia, que durante quatro anos falhou em tomar medidas adequadas de proteção digital para proteger a plataforma Subject Bank e garantir que os exames escolares decorram sem problemas”, destacou Popi Tsananidou, porta-voz do Syriza (esquerda).

O primeiro-ministro interino, Ioannis Sarmas, no cargo até à eleição de um novo governo, presidiu esta terça-feira uma reunião sobre os ataques, que “foram de grande intensidade e motivação”, de acordo com uma nota de imprensa do seu gabinete que não fez referência a um possível responsável.

Ioannis Sarmas garantiu, citado no comunicado, que os ataques foram “repelidos com eficiência” e que as autoridades gregas, se necessário, “vão mobilizar o que for necessário para lidar com ciberataques no futuro imediato”.