O vice-presidente da Associação de Turismo do Algarve (ATA) Daniel Alexandre do Adro considera que o arranque da Ryanair em Faro democratizou o acesso à região, contribuindo para que o número de hóspedes duplicasse.

“Há um crescimento superior a 95% e o crescimento dos proveitos totais aumentou 200%. Triplicou, portanto. Significa que há esta presunção que a Ryanair é para o turista low cost [turista que gasta menos], mas nem sempre. O mais importante é garantir acessibilidade, e quando há, é para todos os bolsos”, disse aos jornalistas o responsável que é um dos vice-presidentes da ATA, invocando dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

O responsável falava à margem de uma conferência de imprensa realizada na Região de Turismo do Algarve (RTA) no âmbito da comemoração dos 20 anos de operação da companhia aérea low cost irlandesa em Faro, que se estreou em Portugal com uma ligação entre Faro e Dublin, na Irlanda, rota que agora tem uma frequência semanal de 56 voos.

Segundo Daniel Alexandre do Adro, ao longo dos últimos 20 anos, houve uma alteração da dinâmica em relação ao turismo no Algarve, não só devido ao aumento do número de turistas, como à perceção do valor do destino, tendo havido também uma mudança no modelo de crescimento da região.

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Para o responsável, de certa forma, a Ryanair — atualmente a maior companhia aérea a operar em Faro –, “transformou o Algarve”, apesar de turismo ser muito dinâmico e “transformar-se a si próprio”, contudo, sem acessibilidade à região faltaria sempre um ponto de partida, considerou.

“Houve mais companhias aéreas olhar para nós, como a easyJet e outras. É um efeito de arrasto, quando já temos alguém a apostar na região, depois é mais fácil trazer mais”, sublinhou, lembrando que a companhia aumentou a presença do Algarve nos mercados tradicionais, mas também noutros.

“Temos novos destinos onde não há mais nenhuma companhia a voar sem ser a Ryanair”, referiu ainda o mesmo vice-presidente da associação, responsável pela promoção turística do Algarve, salientando que a operação da companhia de baixo custo em Faro tem ajudado a diversificar o público que viaja para o Algarve.

A Ryanair tem, atualmente, 47 rotas a partir de Faro, oito das quais novas, e 10 aviões ali baseados, sendo que este ano a companhia espera deverá alcançar um total de 3,5 milhões de passageiros no aeroporto de Faro.

De acordo com a diretora da Ryanair para Portugal e Espanha, Elena Cabrera, há um aumento de 20% na capacidade nas rotas da companhia no aeroporto de Faro relativamente ao ano passado, sendo expectável, em toda a Europa, que haja mais passageiros transportados, devido à subida do dólar.

“Temos mais 20% de capacidade para este verão, o que significa que vamos disponibilizar mais 20% de voos em relação a 2022”, afirmou, referindo-se ao período de verão definido pela Associação Internacional de Transporte Aéreo (IATA), que começou a 26 de março e se prolongará até 29 de outubro.

Questionado pelos jornalistas se o turismo no Algarve ainda tem margem para crescer, Daniel Alexandre do Adro disse acreditar que sim, o que é visível pelas taxas de ocupação, realçando que o excesso de turismo “ainda não é um drama para se discutir” no Algarve.

“Sem dúvida que ainda há margem para crescimento. A questão é que nós vemos uma ligação aérea e isso não significa uma repercussão direta no número de turistas. Alguém que tem uma facilidade de aceder cá, pode vir passar fins de semana e isso já é um perfil diferente de quem vem passar as férias de verão”, afirmou.

De acordo com o diretor do Aeroporto de Faro, Alberto Mota Borges, a infraestrutura está a recuperar das quebras registadas durante a pandemia de covid-19, sendo expectável que este ano sejam atingidos os números de 2019, o melhor ano de sempre para o turismo até agora.