O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, demitiu o filho mais velho do cargo de secretário executivo de política depois de serem divulgadas fotografias de uma festa privada de fim de ano na residência oficial do pai, avançou a Associated Press.
As imagens, publicadas pela revista semanal japonesa Shukan Bunshun, mostram Shotaro Kishida, de 32 anos, juntamente com um grupo de cerca de 10 pessoas a posarem, e a deitarem-se, numas escadas com tapete vermelho. Numa tentativa de imitar as fotografias de grupo dos gabinetes recém-nomeados, Shotaro surge ao centro — a posição reservada ao primeiro-ministro — com os convidados ao seu redor.
Tiradas na festa “bonenkai” (“reunião para esquecer o ano”), a 30 de dezembro, as fotografias mostram ainda os convidados de pé num pódio como se estivessem numa conferência de imprensa.
“会見ごっこ”の写真は、壁面やじゅうたんの意匠から「大ホール」とみられる。
「賓客をもてなす部屋で、昨年4月にはニュージーランドのアーダーン首相(当時)、5月にはフィンランドのマリン首相を迎えて晩餐会が開かれた」 https://t.co/DsQvGivBzQ
— 週刊文春 (@shukan_bunshun) May 30, 2023
“Enquanto secretário de assuntos políticos [do primeiro-ministro], um cargo público, as suas ações foram inadequadas e decidi substituí-lo para que assumisse a responsabilidade”, disse o primeiro-ministro japonês em comunicado, citado no The Guardian.
Shotaro Kishida será substituído na quinta-feira, dia 1 de junho, pelo secretário pessoal de Fumio, Takayoshi Yamamoto, e terá de abdicar de indemnizações e bónus, de acordo com o The Washington Post.
A decisão do primeiro-ministro japonês surge depois de as sondagens de opinião terem registado uma pequena descida na sua popularidade. Segundo o jornal japonês The Japan Times, entre sexta-feira e domingo, desceram 5 pontos percentuais, ficando nos 47%.
Não é a primeira vez que Shotaro é criticado por abusar da sua posição oficial. Em janeiro, foi repreendido por ter utilizado os carros da embaixada para fazer turismo e compras de luxo enquanto viajava com o primeiro-ministro para o estrangeiro. Kishida defendeu o filho, afirmando que este estava a comprar presentes e lembranças oficiais.
Nomeado em outubro de 2022, Shotaro — e o pai — tem sido alvo de críticas pela oposição. Quando acusado de nepotismo, o primeiro-ministro japonês, citado no The Washington Post, afirmou que a sua decisão se baseava em “colocar a pessoa certa no lugar certo”. A nomeação de membros da família como um passo para os preparar como sucessores políticos é comum na prática japonesa.