A adesão à greve dos revisores da CP — Comboios de Portugal por melhores salários é de 100%, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos decretados, disse à Lusa fonte sindical.

“Nos revisores a adesão à greve é de 100%, estando apenas a ser cumpridos os serviços mínimos. No que diz respeito às bilheteiras, os dados apontam para 90% encerradas em todo o país”, disse à Lusa Luís Bravo, do Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI).

Vários sindicatos da CP tinham convocado uma greve para esta quarta-feira, mas na terça-feira depois de uma reunião com o secretário de Estado das Infraestruturas, Frederico Francisco, apenas o Sindicato Ferroviário da Revisão Comercial Itinerante (SFRCI) manteve a paralisação.

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“Fomos afetados com a questão da retirada dos revisores das marchas, vamos perder postos de trabalho e estamos a ser, na distribuição do aumento complementar, discriminados face a outros trabalhadores”, disse na terça-feira à Lusa, Luís Bravo, do SFRCI).

Referindo-se à decisão do Estado de conceder um aumento intercalar de 1%, Luís Bravo disse que a CP, com a “urgência do acordo com o sindicato dos maquinistas, acabou por “absorver grande parte desse orçamento”, ficando os outros trabalhadores “muitos lesados”.

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“Há esta falta de equidade que está a gerar desigualdades incompreensíveis. E põe em causa os nossos postos de trabalho”, disse, indicando que “o secretário de Estado ouviu, está a avaliar as questões”, mas não deu ainda resposta.

Por isso, “não temos condições para levantar o pré-aviso”, concluiu.

Na terça-feira, José Manuel Oliveira da Federação dos Sindicatos dos Transportes e Comunicações (Fectrans), adiantou à Lusa que a organização e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores do Setor Ferroviário (SNTSF) decidiram desconvocar a greve depois da reunião.

O sindicalista apontou um “conjunto de algumas garantias transmitidas pelo secretário de Estado” e um acordo com a CP, indicando que irão “continuar um processo de negociação”.

“Esta é uma fase intermédia”, disse, destacando que nas questões relativas ao número de tripulantes por comboio “há algumas garantias do secretário de Estado que renovam o que foi acordado em 2018”. Em causa está, entre outras coisas, a questão do agente único, segundo a qual os comboios vazios poderiam circular apenas com maquinista.

De acordo com José Manuel Oliveira, serão agora “marcadas reuniões mais particulares com o secretário de Estado para discutir alguns problemas do setor ferroviário”, incluindo “as questões que têm a ver com a segurança na circulação”.

O outro sindicato que convocou greve, o SINFA — Sindicato Independente dos Trabalhadores Ferroviários, das Infraestruturas e Afins, também “acompanhou a posição” da Fectrans e do SNTSF, disse José Manuel Oliveira.

Greve suprimiu mais de metade dos comboios programados até às 8h

Por sua vez, a CP indicou que existiu uma supressão de mais de metade (57%), ou seja, 143 dos 251 comboios programados entre as 00h e as 8h, segundo dados enviados pela empresa à Lusa.

A CP — Comboios de Portugal indica que dos 66 comboios regionais previstos não se fizeram 34 ligações e nos urbanos de Lisboa estavam programados 112 e foram suprimidos 71.

Nos urbanos do Porto, estavam previstos para aquele período 53, tendo sido suprimidos 26 e nos comboios de longo curso realizaram-se três, das 12 ligações previstas.