Os bancos portugueses quase duplicaram, em média, a rentabilidade em 2022 – e, de acordo com a consultora Alvarez & Marsal, o ano de 2023 será ainda melhor para os bancos. A consultora, que recentemente reforçou a presença em Portugal e contratou o ex-CEO do Novo Banco António Ramalho como “senior adviser“, considera que a banca portuguesa pode ser vista como uma “oportunidade” por parte de “estrangeiros” interessados em comprar bancos em Portugal.

Há vários anos que os banqueiros relativizam os lucros crescentes, salientando que, no fundo, havia uma baixa rentabilidade dos capitais investidos pelos acionistas. Porém, o ano de 2022 trouxe uma mudança a este respeito: o mais importante indicador da rentabilidade (o return on equity) saltou para quase o dobro e já é maior do que a média europeia, assinala um estudo semestral divulgado esta quarta-feira pela consultora Alvarez & Marsal (A&M).

return on equity médio dos bancos portugueses quase duplicou de 5,2% em 2021 para 9,3% em 2022 e, segundo Eduardo Areilza, diretor sénior da A&M, poderá superar os 10% em 2023. A média europeia rondou, em 2022, os 8%.

Essa melhoria dos lucros, que continuará em 2023, deverá acontecer porque, ao passo que o aumento do peso dos juros que os bancos pagam pelos depósitos cresce mais lentamente (envolvendo uma atividade comercial que não acontece de um dia para o outro), os ganhos com os créditos contratados acontecem mais rapidamente.

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Por outro lado, como o próprio Banco de Portugal também já tem apontado, ainda há clientes que só agora estão a sentir o aumento das prestações pagas no crédito à habitação – como os indexantes de crédito só começaram a subir na primavera de 2022, clientes com Euribor 12 meses só nos últimos meses estão a sentir o aumento. Para os bancos, isto significa que a chamada “margem financeira” cresce cada vez mais.

Consultora Alvarez & Marsal “encantada” por contar com António Ramalho, ex-presidente do Novo Banco

Montepio com pior resultado no ranking, BPI com o melhor

Os dados foram apresentados por Eduardo Areilza, Mário Trinca (diretor-geral da unidade em Portugal) e o “senior adviser” António Ramalho, num encontro com jornalistas em Lisboa. O relatório semestral, o “Pulse Report”, analisa a evolução dos 7 maiores bancos portugueses em termos de crescimento e liquidez, eficiência, risco, rendibilidade e solvabilidade ao longo de 2022.

No ranking final, em que quanto mais baixo é o valor (de 1 a 4) melhor é o resultado, o Banco BPI teve uma pontuação global de 1,4 – a melhor entre os 7 bancos analisados. Caixa Geral de Depósitos e Santander ficaram com 1,5 pontos e o Novo Banco obteve 1,7 pontos.

Com resultado menos positivo ficaram a Caixa de Crédito Agrícola (1,8), Millennium BCP (2,0) e o pior foi o Montepio, com 2,6 pontos. O Montepio teve uma pontuação mais negativa em áreas como a rentabilidade e a eficiência operacional.