O governo italiano negou esta quarta-feira ter autorizado escutas a conversas de políticos ou jornalistas, depois de o ex-primeiro-ministro Matteo Renzi (2014-2016) afirmar ter pistas sobre essas práticas em entrevista ao jornal La Repubblica.

“Desde a posse deste Governo, nunca autorizei, como Autoridade Delegada para a Segurança da República, qualquer tipo de escuta telefónica de políticos ou jornalistas”, disse o subsecretário do Conselho de Ministros italiano, Alfredo Mantovano, em comunicado.

O subsecretário do executivo liderado por Giorga Meloni classificou as acusações de Matteo Renzi de “muito sérias” e afirmou ter contactado o comité de inteligência do parlamento italiano para fornecer “qualquer informação” que os seus membros considerarem apropriado.

A declaração veio em resposta a uma entrevista na qual Matteo Renzi, líder do centrista Italia Viva, manifestou preocupação com supostas escutas telefónicas realizadas no ambiente de Meloni, com um mecanismo planeado para combater o crime organizado. Essas acusações foram posteriormente replicadas pelo presidente da Federação Nacional da Imprensa Italiana, Vittorio di Trapani, que pediu “explicações urgentes”.

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Matteo Renzi lançou esta denúncia com base no livro “I potenti al tempo di Giorgia”, publicado pelos jornalistas Paolo Madron e Luigi Bisignami.

“O que Bisignani escreve é muito claro. E é fruto do que vem sendo dito há meses em certos círculos: que há jornalistas ou políticos intercetados sem as garantias constitucionais de uma investigação, mas sim pelos serviços secretos”, afirmou.

O político refere-se a uma disposição do Código italiano que permite a realização de determinadas escutas preventivas a pessoas que ponham em perigo a segurança do país apenas com autorização do Ministério Público, sem necessidade de investigação judicial.