Siga aqui o nosso liveblog sobre a guerra na Ucrânia

Emmanuel Macron admitiu, esta quarta-feira, que Vladimir Putin pode não vir a enfrentar acusações de crimes de guerra nos tribunais, num cenário em que o Ocidente tenha de negociar o fim da guerra com o Kremlin.

“Quero ser muito franco com vocês (…) se, daqui a alguns meses, surgir uma janela negocial, a questão vai ser arbitrar entre um julgamento e a negociação, e vamos ter de negociar com os líderes que temos de facto“, assumiu o Presidente francês durante um fórum sobre segurança em Bratislava, citado pelo The Guardian. “Por isso acho que as negociações vão ser uma prioridade (…), seremos colocados numa posição em que dizemos: ‘Quero que vás para a cadeia, mas és o único com quem posso negociar’”, assumiu o Presidente francês.

Macron: Putin pode escapar a crimes de guerra por ser o “único” com quem negociar a paz na Ucrânia

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

No entretanto, Macron assumiu a importância de continuar a recolher provas de crimes de guerra contra os líderes russos para serem usadas no futuro (mesmo que não no Tribunal Penal Internacional).

Perante vários responsáveis de segurança na capital da Eslováquia, o chefe de Estado defendeu ainda a necessidade de alocar uma maior fatia dos orçamentos europeus para a Defesa e coordenação do continente, em detrimento de uma dependência excessiva dos EUA. Numa referência às eleições presidenciais de 2024, Emmnuel Macron disse que “a segurança e estabilidade [da Europa] não pode ser delegada e deixada à consideração dos eleitores norte-americanos”.

As declarações de Macron são a mais clara admissão por parte de um líder europeu sobre a necessidade de negociar com o regime de Putin. O líder francês sublinhou que a Rússia tinha perdido toda a legitimidade ao longo do último ano de invasão, mas concedeu que as realidades práticas podem falar mais alto.

Em particular, Macron elencou a contraofensiva ucraniana como um momento-chave, cujo resultado determinaria a estratégia a longo prazo da Europa. Se, por um lado, o Presidente francês reiterou a solidariedade com a Ucrânia que, lembrou, está “a proteger a Europa” ao travar a guerra, por outro também admitiu que, se Kiev falhar os seus objetivos, a Europa poderá ter de refletir sobre o seu apoio continuado ao conflito.

França aberta a formar pilotos ucranianos de aviões de combate

Ainda assim, Macron sublinhou que a comunidade ocidental está do lado ucraniano, e tudo fará para que a Rússia seja derrotada. Talvez por isso, com o aproximar da próxima cimeira da NATO, o Presidente francês instou os aliados do atlântico a darem à Ucrânia garantias de segurança “fortes e tangíveis”.

“Se queremos uma paz sustentável e queremos ser credíveis para com a Ucrânia, temos de a incluir na arquitetura de segurança”, disse Macron.

As declarações acontecem numa altura em que Kiev tem reforçado o seu lobbying para garantir um caminho claro de adesão à aliança atlântica. A próxima cimeira da NATO vai acontecer em Vilnius, na Lituânia, no próximo mês de julho.