Era uma dúvida com resposta mais ou menos previsível mas que nem por isso deixava de ser uma dúvida – e abria até espaço para mais surpresas entre a surpresa que é esta final da NBA. Enquanto os Denver Nuggets “limparam” os Los Angeles Lakers numa série a 4-0 que deu o primeiro título de Conferência à equipa em 56 anos de história, os Miami Heat tiveram o pássaro na mão (3-0), deixaram-no quase fugir agarrando-o por uma pena e encontraram força para contrariar a lógica e fecharem por 4-3 a série em Boston. Quase uma semana depois, a Conferência Este tinha o seu apurado para a final e de Oeste sobrava a dúvida se todos os dias de paragem sem competição seriam bons pelo descanso físico ou maus por fazerem com que os atletas desligassem em demasia no plano mental. A resposta não demorou muito. E foi inequívoca.

O fala-barato espectacular contra o calado eficaz: a improvável final da NBA que contraria todas as estatísticas

Mesmo sem ter feito um dos melhores encontros neste playoff (o que faria se tivesse feito…), Nikola Jokic encontrou a sua zona de conforto para dominar como quis o adversário fazendo mais um triplo duplo com 27 pontos, dez ressaltos e 14 assistências e permitindo que outros companheiros se destacassem como Jamal Murray (26 pontos, seis ressaltos e dez assistências) ou Michael Porter Jr. (14 pontos e 13 ressaltos). Com isso, o sérvio conseguiu algo que apenas Jason Kidd tinha alcançado no primeiro jogo feito numa final da competição: dois dígitos de pontos, ressaltos e assistências que até podiam ter outra dimensão.

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Também os Miami Heat fizeram história mas pela negativa neste arranque da final da NBA: tornaram-se a equipa com menos lances livres tentados e convertidos num jogo de playoff, com apenas dois pontos noutras tantas tentativas de Haywood Highsmith. Jimmy Butler (13 pontos, sete ressaltos e sete assistências) não passou por lá, Bam Adebayo também não (apesar dos 26 pontos com 13 ressaltos) e a percentagem baixa de lançamentos acabou por fazer o resto num encontro dominado pelos Denver Nuggets.

“Nesta altura, a coisa mais importante é ganhar jogos e é isso que tenho tentado fazer de qualquer maneira. Não tenho necessidade de lançar tanto e sei que não tenho de fazer tantos pontos para ter impacto no jogo. Fizemos um bom trabalho porque todos tiveram a sua influência”, comentou Nikola Jokic, também conhecido como Joker, no final da partida que terminou com a vitória por 104-93 e que já tinha uma diferença de 17 pontos ao intervalo (59-42). “Essa é uma das maiores belezas do jogo do Nikola: tem grande satisfação por fazer os outros jogar, mais do que propriamente marcar. Ele não está preocupado se marca ou não 27 pontos, ele quer saber é que estamos a ganhar 1-0”, acrescentou o técnico Michael Malone.