Max Verstappen tem-se revelado um autêntico mestre em fugir ao trânsito. Marca o seu próprio ritmo e dele não sai com a confiança e garantia de que é superior a todos os outros. Se colocarmos as exceções no lugar a elas reservado, ou seja, à margem dos comuns, a Fórmula 1 tem pilotos a exigir algum protagonismo.

O pódio no Mónaco deixou a grelha em alerta para o que Esteban Ocon se podia estar a tornar. Os treinos livres em Barcelona deixaram boas indicações não só pela velocidade a que o francês conseguiu voar, mas também pelo que o outro Alpine, de Pierre Gasly, também estava a conseguir produzir. Outra equipa a ter em atenção de a Haas. Nico Hülkenberg disse mesmo que o desempenho do carro nos treinos era “genuíno”. Bons sinais deu também Nyck de Vries ao volante do Alpha Tauri.

Fora dos outsiders, que no final da última sessão de treinos já estavam posto no seu devido lugar, Fernando Alonso e Carlos Sainz, a correrem no país de origem, tinham necessariamente uma palabra a dizer. Muito embora a Catalunha seja uma pista bastante conhecida pela grande generalidade dos pilotos, as novidades  na configuração do circuito para 2023, que ganhou duas curvas rápidas (onde os Red Bull não costumam perdoar) mesmo antes da meta, podiam dar um colorido diferente à prova deste fim de semana. E que o diga Logan Sargeant que, na primeira sessão de treinos livres, foi parar à gravilha na última curva.

Enquanto a Ferrari disse sentir-se “muito bem”, nas palavras de Sainz, com os ajustes que trouxe para Barcelona, a Mercedes continuava com problemas mesmo que a cada Grande Prémio que passe sejam prometidas melhorias. Lewis Hamilton apontava que ia ser “um problema entrar no top-1o” na corrida de domingo. Ainda assim, o britânico dizia que o ritmo de corrida não era penoso, embora sentisse mais dificuldades em ritmo que qualificação, o que podia prejudicar o sete vezes campeão do mundo na tentativa de conseguir um bom lugar de arranque na corrida.

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A qualificação começou rica em incidências. Os pneus macios que os pilotos calçaram não tiveram aderência suficiente para, perante o piso molhado, evitarem que Yuki Tsunoda, Alexander Albon e Valtteri Bottas fossem parar à gravilha. Perante tantas ocorrências, a direção de prova decidiu interromper a sessão com bandeira vermelha. A qualificação retomou sem nenhuma marca registada pelos pilotos.

Toda a Q1 pareceu uma simulação. A cinco minutos do fim, Leclerc e Pérez estavam eliminados, Piastri era segundo e Stroll terceiro. O mexicano conseguiu remediar a situação com o 15.º melhor registo, mas Leclerc só se afundou mais. A pergunta que o piloto da Ferrari fez no rádio da equipa (“Estamos eliminados, certo?”) devia ter sido retórica, só que o francês quis mesmo uma resposta. Acontece que o modesto tempo de 1:14.079, fizeram-no terminar por ali a qualificação, sendo que Leclerc foi o único corredor que não os da Red Bull a conseguir uma pole este ano. Bottas (1:13.977), Magnussen, Albon e Sargeant também foram eliminados.

A ordem dos tempos da Q1 parecia distribuída ao acaso. Verstappen (9.º), Norris (2.º), Hülkenberg (4.º), De Vries (8.º) e Alonso (12.º) ocupavam lugares nada condizentes com o que têm apresentado esta temporada. A Q2 não fez melhor. Sergio Pérez juntou-se à lista de convidados da gravilha e foi fazer uma visita à escapatória, perdendo tempo e desgastando os pneus, fatores que o impediram de ir além do 11.º lugar (1:13.334), fazendo companhia a Russell, Zhou, De Vries e Tsunoda no lote de eliminados. Enquanto isso, os dois McLaren, os dois Alpine e Hülkenberg seguiam em frente.

Antes do arranque da Q3, para a qual Verstappen partia com o melhor tempo, discutia-se a responsabilidade do toque entre os dois Mercedes que danificou o carro de Hamilton. Alheio a isso o neerlandês agarrou a pole position (1:12.272), a segunda consecutiva. Carlos Sainz completou a primeira linha e vai ser o espanhol melhor colocado no arranque deste domingo uma vez que Alonso vai sair do nono posto, atrás do oitavo, Hülkenberg. No terceiro lugar, Lando Norris, a representação máxima de como esta qualificação fugiu à normalidade, situação que pode abrir espaço a surpresas na corrida.