A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) manteve este sábado o ‘rating’ de França em AA/A-1+, embora com perspetiva negativa devido à persistência da inflação elevada e ao endurecimento das condições de acesso ao crédito.

A decisão de manter a nota, que em dezembro passado evoluiu de estável para negativa, “deve-se principalmente à revisão da estratégia de consolidação fiscal do governo”, sublinhou a S&P, citada pela agência Efe.

“Estas previsões estão sujeitas a riscos relacionados com o crescimento e a aplicação da política económica e orçamental do governo”, destacou ainda a agência de notação financeira em comunicado.

A agência de ‘rating’ prevê que o défice orçamental de França caia para 3,8% em 2026, face aos cerca de 5% em 2023, e que a dívida se mantenha acima dos 110% do Produto Interno Bruto (PIB).

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No entanto, “condições financeiras mais restritivas e inflação subjacente ainda elevada reduzirão a atividade económica em França em 2023 e 2024”, analisou a S&P.

A manutenção da nota é uma boa notícia em Paris, onde havia receio de que a S&P seguisse o caminho da Fitch.

Esta agência baixou, no final de abril, a classificação de França, de AA para AA- com perspetiva estável, apontando fraquezas nos principais parâmetros fiscais e projeções de crescimento para o país.

Antes, a terceira grande agência, a Moody’s, tinha optado por não alterar a sua nota sobre França.

O governo francês reagiu de imediato à avaliação da S&P, com o ministro da Economia, Bruno Le Maire, a destacar o “sinal positivo” ao Journal du Dimanche.

“A nossa estratégia em termos de finanças públicas é clara. É ambiciosa. E é credível. A nossa ambição, definida pelo Presidente da República, é acelerar mais do que nunca a redução da dívida de França”, frisou o governante.

Em concreto, os planos do governo apontam para a redução da dívida para 108% do PIB até 2027 e para a redução do défice público para menos de 3% no mesmo ano.

Os pilares para este objetivo serão as reformas para alcançar o pleno emprego, a redução dos gastos públicos e deixar para trás, nas palavras de Le Maire, a estratégia do “custe o que custar” que foi aplicada nos últimos anos devido a situações excecionais, como cheques para a escalada de preços do setor da energia.