O ministro da Defesa chinês defendeu este domingo a colocação de um navio de guerra no caminho do contratorpedeiro americano e de uma fragata canadiana em trânsito no Estreito de Taiwan, considerando que EUA e Canadá provocaram a China.

Num encontro com representantes de alto nível da Defesa em Singapura, este domingo, o ministro chinês defendeu que estas movimentações enquadradas numa alegada “liberdade de navegação” de patrulha são uma provocação à China.

Na sua primeira intervenção pública desde que se tornou ministro da Defesa da China, o general Li Shangfu disse na cimeira de Shangri-La que a China não tem qualquer problema com “passagens inocentes”, mas é preciso “prevenir tentativas de tentar usar essa liberdade de navegação (patrulhas), essa passagem inocente, para exercer hegemonia de navegação”.

O secretário de Defesa americano Lloyd Austin disse no mesmo fórum, no sábado, que Washington não iria “recuar perante o `bullying´ ou coerção” da China e continuaria a navegar regularmente e a sobrevoar o Estreito de Taiwan e o Mar do Sul da China para enfatizar que se trata de águas internacionais, contrariando as reivindicações territoriais de Pequim.

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No mesmo dia um contratorpedeiro americano e uma fragata canadiana foram intercetados por um navio de guerra chinês no estreito junto da região autónoma da ilha de Taiwan, que Pequim reivindica como território chinês.

O navio chinês ultrapassou a embarcação americana e virou a sua proa a uma distância de cerca de 140 metros, “de maneira insegura”, segundo o Comando Indo-Pacífico dos EUA.

Os EUA acrescentaram ainda que um jato chinês J-16 no final de maio “realizou uma manobra desnecessariamente agressiva” enquanto intercetava um avião de reconhecimento da Força Aérea americana no Mar do Sul da China, voando diretamente em frente do nariz do avião.

Esse e outros incidentes anteriores aumentaram os receios relativamente a um possível acidente que pudesse desencadear uma escalada entre os dois países num momento em que a tensão está já a níveis elevados.

Li sugeriu que foram os Estados Unidos e os seus aliados a criar o perigo e deveriam, ao invés, preocupar-se em tomar “bem conta do seu próprio espaço aéreo e águas nacionais”.

“O melhor é os países, especialmente os navios e jatos dos países, não realizarem ações próximas de territórios de outros países”, disse, acrescentando: “Qual o objetivo em ir lá? Na China dizemos sempre ‘Metam-se na vossa vida'”.

Num discurso de longo alcance, Li reiterou muitas das bem conhecidas posições de Pequim, incluindo as reivindicações sobre Taiwan, a que chamou “o centro dos interesses centrais” da China.

Acusou ainda os EUA e outros países de se “intrometerem em questões internas da China” ao fornecerem a Taiwan ajuda defensiva e treino militar e ao realizar visitas diplomáticas de alto nível.

“A China mantém-se comprometida com um caminho de desenvolvimento pacífico, mas nunca hesitaremos em defender os nossos legítimos interesses e direitos, quanto mais sacrificar os interesses centrais da nação”, disse Li.

O general chinês acrescentou ainda uma citação de uma conhecida canção chinesa: “Quando os nossos amigos nos visitam, nós recebemo-los com um bom vinho. Quando vêm chacais ou lobos, nós enfrentamo-los com caçadeiras”.

No sábado, Austin tinha defendido a visão norte-americana de um “Indo-Pacífico livre, aberto e seguro num mundo de normas e direitos”.