Poderia ter sido uma semana de glória, acabou por ser uma semana de infâmia. A Roma perdeu a final da Liga Europa com o Sevilha, na decisão por grandes penalidades, e perdeu também a possibilidade de jogar a Liga dos Campeões na próxima temporada. Pelo meio, José Mourinho perdeu os filtros: não assistiu à entrega do troféu aos espanhóis, atirou a medalha para a bancada, criticou a equipa de arbitragem na sala de imprensa e insultou os próprios árbitros já na garagem do Puskás Arena, em Budapeste.

As críticas, naturalmente, foram transversais. O treinador português foi criticado por colegas de profissão, como Xavi; por figuras institucionais, como o ministro do Desporto de Itália; e pela própria UEFA, que abriu um processo disciplinar para investigar tudo o que aconteceu. Mourinho teve um momento sem travões que ainda não tinha tido paralelo desde que chegou a Roma — e que pode ter sido o início do fim dessa mesma passagem por Roma.

Uma ida à garagem que chegou à secretaria: UEFA abre processo disciplinar a José Mourinho após final da Liga Europa

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“Quero ficar, mas mereço mais. Os meus jogadores também merecem mais. Estou farto de ser treinador, diretor de comunicação, aquele que dá a cara para dizer que fomos roubados. Estou cansado de ser tanto. Quero ficar, mas só com as condições certas para dar o meu melhor. Vou de férias na segunda-feira. Vou falar com a estrutura. Já disse aos donos da Roma que irei sempre dizer-lhes primeiro se abrir conversações com outro clube. Disse-lhe quando fui abordado pela Seleção Nacional, em dezembro. Até agora, nenhum clube me contactou”, atirou o técnico que está na lista do PSG para suceder a Christophe Galtier, mas que nas últimas horas tem sido até suplantado pelo ex-Bayern Munique Julian Nagelsmann.

Era neste contexto que, antes de Mourinho ir de férias, a Roma recebia este domingo o Spezia na última jornada da Serie A. Os giallorossi tinham de vencer para garantir que não eram ultrapassados pela Juventus, assegurando o apuramento para a Liga Europa, e esperar por um deslize da Atalanta contra o Monza para sonhar com o 5.º lugar; do outro lado, a equipa de Leonardo Semplici tinha de alcançar o melhor resultado possível e suspirar por uma derrota do Hellas Verona contra o AC Milan para escapar à despromoção ao segundo escalão.

O Spezia abriu o marcador ainda dentro dos 10 minutos iniciais, com Nikolaou a bater Svilar depois de uma assistência de Bourabia (6′), e a Roma só conseguiu empatar já nos últimos instantes da primeira parte por intermédio de Zalewski (43′). O resultado manteve-se praticamente até ao final, com a equipa de José Mourinho a não desatar o empate mesmo depois das entradas de Abraham, Wijnaldum e Spinazzola, e a Roma só conseguiu marcar o golo da vitória no último instante e com uma grande penalidade de Dybala (90′).

Com este resultado e os triunfos da Atalanta e da Juventus, a Roma segurou o 6.º lugar da Serie A e apurou-se para a Liga Europa, deixando a Juventus na Liga Conferência. Já o Spezia, mesmo sem conquistar qualquer ponto, beneficiou da derrota do Hellas Verona perante o AC Milan e conseguiu assegurar a permanência.