A inserção da linha de alta velocidade no Porto vai ter “maiores interferências” da Rua do Freixo “em diante”, estando a Câmara do Porto a trabalhar com a Infraestruturas de Portugal (IP) na minimização dos impactos, foi esta segunda-feira revelado.

Segundo o vereador do Urbanismo da Câmara do Porto, Pedro Baganha, as maiores interferências que a alta velocidade vai ter no município dizem respeito ao troço da Rua do Freixo em diante. Isto “não quer dizer que a Rua do Freixo seja afetada”, afirmou, à margem da reunião do executivo em declarações aos jornalistas, o vereador.

Pedro Baganha esclareceu que, no Porto, a linha de alta velocidade vai somar-se ao feixe ferroviário já existente em Campanhã, o que “implica o aumento da plataforma ferroviária”.

“Esse aumento, na maior parte do troço dentro do município do Porto, não é demasiado oneroso, tendo em consideração que passa por territórios que não estão urbanizados, não estão construídos, muitos deles entre o Ramal da Alfândega e a linha de comboio que vai para a ponte de São João”, afirmou.

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Pedro Baganha observou, contudo, que o aumento do feixe ferroviário vai ter interferências na Rua Pinheiro de Campanhã, mas que a autarquia “conhece estas interferências” e “está a trabalhar na sua mitigação”.

A mitigação dos impactos da nova linha ferroviária, disse, é um dos objetivos do Plano de Urbanização que a autarquia está a fazer em parceria com a IP.

Destacando que a linha de alta velocidade será um “motor de desenvolvimento” para Campanhã, Baganha afirmou, no entanto, que o município pretende que o “desenvolvimento urbano [daquele território] seja programado e que todas as consequências sejam antecipadas”.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto de alta velocidade, a inserção da linha ferroviária na estação de Campanhã vai afetar os conjuntos habitacionais conhecidos como “ilhas” daquela zona.

“Com base nos dados provisórios dos Censos de 2021, os bairros afetados pelo projeto terão uma população de 46 famílias e 96 indivíduos, estimando-se que possam ser afetadas diretamente pelo projeto cerca de 15 famílias e mais de 30 pessoas”, pode ler-se no EIA do troço Porto-Aveiro da linha de alta velocidade (LAV) ferroviária Porto-Lisboa, em consulta pública até 16 de junho.

No Porto, a linha terá como estação a de Campanhã, que será ampliada e observará uma reconfiguração das atuais linhas, e a inserção será feita a partir de uma nova ponte rodoferroviária de dois tabuleiros, cuja proposta se assemelha à ponte Luís I.

Segundo o estudo, “o encontro na margem norte, na cidade do Porto, é feito sobre a Rua da China e a cerca de 40 m [metros] da Quinta da China”.

“O acesso à estação de Campanhã é feito sobre a Rua da China, implicando também a afetação da linha de habitações de piso térreo e de 1 piso, no Bairro Agra e no Bairro da Alegria, até à Rua do Freixo”, pode ler-se no EIA.

O mesmo documento refere que atualmente estes bairros, “enquadrados pela Rua do Freixo, Travessa da Presa de Agra e Travessa do Freixo, são constituídos, fundamentalmente, por habitações unifamiliares de estratos sociais populares e envelhecidos”.

Segundo o EIA, “a existência de ‘ilhas’ verifica-se também no lado oposto da linha de caminho de ferro, na Rua da Presa Velha, Rua da Formiga e Travessa da China, entre outras”.

O troço Porto-Aveiro da futura linha de alta velocidade ferroviária, que deverá ligar Vigo a Lisboa, custará 1,65 mil milhões de euros, dos quais 500 milhões financiados por fundos europeus e o restante através de contratos de concessão da conceção, construção, manutenção e financiamento.

A construção do troço Porto-Soure (que integra ainda o lote Aveiro-Soure, cuja publicação do EIA se aguarda), está prevista para o período entre 2024 e 2028 e a entrada em funcionamento do serviço ferroviário em 2029, e a ligação a Lisboa deverá estar a funcionar em 2031.