Os quatro municípios servidos pelo Hospital Beatriz Ângelo, situado no concelho de Loures, vão criar uma comissão intermunicipal de acompanhamento para reivindicar conjuntamente melhores condições de atendimento na unidade hospitalar, que serve 278 mil habitantes.

A Comissão Intermunicipal de Acompanhamento ao Hospital Beatriz Ângelo (HBA) surge de um memorando de entendimento assinado esta terça-feira entre os municípios de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço, no distrito de Lisboa.

De acordo com o memorando de entendimento, a que a Lusa teve acesso, os quatro municípios vão passar a ter reuniões trimestrais para fazer um ponto de situação sobre o trabalho desenvolvido e, com a mesma regularidade, um encontro com o conselho de administração do HBA.

Em declarações à agência Lusa, o presidente da Câmara Municipal de Loures, Ricardo Leão (PS), explicou que a necessidade de constituir a comissão decorre dos “problemas e dos constrangimentos” verificados na gestão da unidade hospitalar.

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“Decidimos criar uma comissão intermunicipal para, em conjunto, por um lado, iniciarmos desde já um conjunto de reuniões com as diferentes entidades e, por outro, dar mais pressão e em vez de ser um presidente de câmara a lutar individualmente serão quatro presidentes a falar a uma só voz”, justificou.

Ricardo Leão referiu que os quatro municípios têm acompanhado, “com preocupação”, os problemas associados aos constrangimentos que afetam a gestão do HBA, nomeadamente a falta de profissionais de saúde, que afetam o funcionamento dos serviços de urgência pediátrica e de urgência de ginecologia e obstetrícia.

“Os problemas do Hospital Beatriz Ângelo estão-se a agudizar e é importante haver soluções. Por um lado, soluções a curto prazo e, por outro lado, a longo prazo, como é óbvio. A curto prazo, por exemplo, é aquele compromisso que o ministro da Saúde assumiu da reabertura das urgências da pediatria ao fim de semana. Essas matérias têm de ser resolvidas e os compromissos assumidos”, defendeu.

O serviço de urgência pediátrica do HBA permanece, desde março, fechado à noite (a partir das 21h) e ao fim de semana.

Em 7 de março, os quatro autarcas servidos pelo HBA reuniram-se com o ministro da Saúde, Manuel Pizarro, que se comprometeu a dar, no espaço de um mês, uma resposta à situação, através da abertura de um concurso para a contratação de mais profissionais de saúde.

No entanto, segundo explicou esta terça-feira o presidente da Câmara de Loures, “houve uma fraca adesão de médicos a este concurso”, motivo pelo qual o constrangimento ainda se mantém.

Em 01 de março, 11 chefes de equipa do Serviço de Urgência Geral do HBA apresentaram a demissão devido à falta de condições, que dizem pôr em causa a segurança dos doentes e dos profissionais.

Na carta de demissão, a que a Lusa teve então acesso, os médicos alertavam para a degradação do serviço, lembrando que já tinham sido lançados vários avisos sobre a situação.

Na carta, os profissionais sublinhavam também “a escassez de recursos humanos” que leva a que o hospital viva “os piores momentos da sua história”, não conseguindo garantir “a prestação de cuidados de excelência ao doente”.

O Hospital Beatriz Ângelo, em Loures, no distrito de Lisboa, funcionou até 19 de janeiro de 2022 no regime de PPP (Parceria Público Privada), sendo gerido, até então, pelo grupo privado Luz Saúde.

Atualmente a unidade hospitalar tem gestão pública, assente no modelo de entidade pública empresarial (E.P.E)

A unidade hospitalar abriu em janeiro de 2012 para servir 278 mil habitantes dos concelhos de Loures, Odivelas, Mafra e Sobral de Monte Agraço.