As sensações do piloto em cima da moto não eram as melhores, a perceção do diretor da equipa também ia nesse sentido. Olhando para as duas últimas semanas, as possibilidades de Miguel Oliveira poder estar apto no plano físico para ir ao Grande Prémio de Itália não estavam propriamente no pico do otimismo. Ainda assim, o português foi continuando a recuperação à lesão no ombro contraída em Jerez de la Frontera, que já tinha levado à ausência em Le Mans. Continuou, continuou e começa agora a ver a luz ao fundo do túnel, com um primeiro passo importante nesse objetivo de regresso à competição que é estar disponível para este fim de semana apenas à espera da confirmação oficial após exames por parte do MotoGP.

“Estou muito entusiasmado por ir a Mugello [circuito que recebe o Grande Prémio de Itália]. O maior ponto de interrogação neste momento é perceber como vou conseguir aguentar fisicamente numa pista difícil como esta em cima de uma moto. Nos últimos dias senti-me melhor e espero que isso seja o suficiente para chegar e ser competitivo”, explicou Miguel Oliveira em declarações aos meios da RNF Aprilia.

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“É esse o principal objetivo. Sei que ainda preciso de mais experiência com a moto e de mais corridas, mas nesta altura a prioridade é regressar forte e a 100%. Vou a Mugello com isso em mente e espero que possamos fazer um bom fim de semana. Estou entusiasmado por voltar a ver a equipa”, acrescentou o Falcão a propósito da sexta corrida do ano que surge quase um mês depois do Grande Prémio de França, em maio.

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“Uma lesão no ombro não é fácil de recuperar mas estamos a fazer o melhor que podemos, com fisioterapia. Hoje fiz algumas voltas na MotoGP, para os adeptos, sem forçar, mas senti-me muito desconfortável na moto. Não sei se estarei em Mugello, vou esperar até à semana do Grande Prémio para saber se corro ou não. Quero voltar a 100% e ser competitivo. Sei que vai ser difícil, a cada corrida que se perde, perde-se ritmo, mas é preciso voltar de forma segura, sem pensar em lesões. Esse será o objetivo. Sei que posso obter bons resultados mas temos de olhar em frente e ser positivos. As quedas que tive podiam ter sido piores. É uma questão de voltar, recuperar o ritmo e voltar ao topo”, tinha referido ao MotoGP na semana passada.

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De recordar que, num ano de mudança depois da troca da KTM pela nova equipa da RNF Aprilia, Miguel Oliveira tem deixado excelentes sinais na moto mas que cruzam com o maior número de quedas (ou, neste caso, abalroamentos) desde que chegou ao MotoGP: esteve em posição de pódio na corrida sprint até à última volta, onde desceu a sétimo depois de uma trajetória de curva mal calculada, foi depois abalroado por Marc Márquez quando estava em segundo na corrida longa, falhou o Grande Prémio da Argentina, foi oitavo na corrida sprint e quinto na corrida longa nos EUA, conseguiu o quinto lugar na corrida sprint de Espanha mas foi de novo abalroado por Fabio Quartararo e esteve ausente no Grande Prémio de França.

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“Sonho do título em 2023? Não caiu por terra, de todo. Este ano quem pontua muito durante o fim de semana são pilotos inesperados. Quando as posições se solidificarem e houver maior previsibilidade, as coisas vão acalmar. Em 700 e tal pontos possíveis, ainda nem 100 foram alcançados. É possível ser campeão este ano. Estar aqui sentado, lesionado e a dizer isto é difícil e ainda falta um grande salto, mas acredito”, assumiu o português há duas semanas na 2.ª Conferência Bola Branca da Rádio Renascença.

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