A presidente do Banco Central Europeu (BCE) disse que, se os governos do euro não retirarem os apoios para a crise energética, haverá um aumento das pressões inflacionistas, que exigirá “uma resposta mais forte da política monetária”.

“À medida que a crise energética se desvanece, os governos devem reverter as medidas de apoio relacionadas de forma rápida e concertada para evitar o aumento das pressões inflacionistas a médio prazo, o que exigiria uma resposta mais forte da política monetária“, declarou Christine Lagarde.

Falando numa audição na comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu, a líder do BCE saudou também a “recomendação da Comissão Europeia aos Estados-membros no sentido de reduzirem em 2023 as medidas orçamentais adotadas em resposta ao choque dos preços da energia”.

No caso de Portugal, por exemplo, a Comissão Europeia instou o país a pôr fim às medidas de apoio às famílias e empresas devido à crise energética e a usar a “folga” para reduzir o défice, solicitando ainda que o país acelere a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência.

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Nas previsões económicas de primavera da Comissão Europeia, divulgadas em meados de maio, a instituição indicou que o custo orçamental líquido das medidas de apoio à energia equivalem a 0,8% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2023, em comparação com 2,0% em 2022, mas não faz uma estimativa para 2024, assumindo o fim de tais ajudas.

Falando perante os eurodeputados daquela comissão parlamentar, Christine Lagarde apontou que “os indicadores das pressões inflacionistas subjacentes permanecem elevados [na zona euro] e, embora alguns estejam a dar sinais de moderação, não há provas claras de que a inflação subjacente tenha atingido um pico”, lembrando as pressões sobre os preços e os aumentos salariais.

“Estamos plenamente empenhados na luta contra a inflação e determinados a conseguir o seu regresso atempado ao nosso objetivo de médio prazo de 2%. Este compromisso com a estabilidade dos preços contribui para o crescimento económico e o emprego a médio prazo e, por conseguinte, para a redução das desigualdades”, elencou.

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Fazendo um balanço sobre as medidas de política monetária até agora adotadas, Christine Lagarde adiantou que os efeitos das subidas de taxa de juro estão “a começar a concretizar-se” para redução da inflação, embora reconheça os impactos nas “condições de financiamento das empresas e das famílias, como se pode observar no aumento das taxas ativas e na queda dos volumes de empréstimos”.