O Movimento Somos Todos Misericórdia, que contesta a atual liderança da União das Misericórdias Portuguesas, acusou a organização do Congresso realizado na semana passada, de censurar a intervenção das instituições e de adotar uma atitude antidemocrática.

De acordo com o movimento, a 14.º edição do Congresso das Misericórdias Portuguesas ficou marcado pela ausência da larga maioria das Santas Casas, “certamente desmotivadas pela falta de eco dos seus problemas no seio da União das Misericórdias Portuguesas (UMP)”.

Em comunicado, o movimento afirmou que estiveram ausentes dois terços das Misericórdias e que foi “vedada a livre intervenção dos congressistas”, para os quais terá sido reservado “o papel de meros ouvintes, sem que pudessem usar da palavra no debate com os diversos convidados” e sem lhes ter sido permitida “qualquer inscrição” no decurso dos trabalhos.

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“A organização chamou para si a implementação de uma metodologia nunca vista nos congressos anteriores das Misericórdias, em que a plateia apenas podia colocar questões por escrito e sujeitas a prévio controlo, impedindo dessa forma a interação entre os congressistas e os convidados, ficando diversas dessas questões sem resposta”, referiu o movimento.

“Esta linha de atuação foi, sem dúvida alguma, antidemocrática, revelando o estado em que a UMP se encontra. Uma mera caixa-de-ressonância de quem tomou conta dela como se fosse sua, receando o confronto de ideias e opiniões discordantes”, lê-se no documento.

A agência Lusa contactou o presidente da União das Misericórdias Portuguesas, Manuel Lemos, que fez chegar um esclarecimento por escrito, segundo o qual o congresso contou com “uma forte mobilização das Santas Casas” de todo o país e a ninguém foi negada a possibilidade de colocar perguntas aos oradores do congresso no final de cada painel, sobre os temas em debate.

“Para permitir um maior número de participação, todos os congressistas presentes neste grande encontro nacional das Misericórdias Portuguesas foram convidados a fazer questões, por escrito, para serem respondidas no final de cada painel do debate. Todas as questões feitas, sem exceção, foram lidas e respondidas”, garantiu a organização na resposta enviada à Lusa.

O congresso decorreu a 1, 2 e 3 de junho, em Lisboa, sob o lema “Valorizar o Passado, Viver o Presente, Projetar o Futuro”.