A Infraestruturas de Portugal (IP) informou esta quarta-feira que só depois de concluídos os projetos de execução da alta velocidade Porto-Lisboa serão conhecidas “com absoluto rigor” as propriedades afetadas pela inserção da linha na estação de Campanhã, Porto.

“Só com a conclusão dos projetos de execução será possível conhecer, com absoluto rigor, as propriedades afetadas, esperando-se que durante a elaboração dessa fase do projeto seja ainda possível minimizar as afetações atualmente identificadas”, afirmou, em resposta à agência Lusa, a IP.

De acordo com o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) do projeto de alta velocidade, a inserção da linha ferroviária na estação de Campanhã vai afetar os conjuntos habitacionais conhecidos como “ilhas” daquela zona.

“Com base nos dados provisórios dos Censos de 2021, os bairros afetados pelo projeto terão uma população de 46 famílias e 96 indivíduos, estimando-se que possam ser afetadas diretamente pelo projeto cerca de 15 famílias e mais de 30 pessoas”, pode ler-se no EIA do troço Porto-Aveiro da linha de alta velocidade (LAV) ferroviária Porto-Lisboa, em consulta pública até 16 de junho.

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O estudo acrescenta ainda que o projeto “poderá afetar 42 habitações, pelo que se estima que o número de famílias e indivíduos afetados seja, pelo menos, de 21 famílias e 43 indivíduos”.

Questionada se já estava a estudar uma solução de realojamento para as famílias que poderão vir a ser afetadas pela inserção da linha de alta velocidade na estação de Campanhã, a IP adianta que, de momento, não estão a decorrer “quaisquer ações tendentes” à avaliação das opções de realojamento.

“Só após a conclusão do projeto de execução, e sempre em articulação com a Câmara Municipal do Porto e nos termos do definido na Declaração de Impacte Ambiental que vier a ser emitida, serão avaliadas as melhores soluções para o realojamento das famílias afetadas”, acrescenta.

No Porto, a linha terá como estação a de Campanhã, que será ampliada e observará uma reconfiguração das atuais linhas, e a inserção será feita a partir de uma nova ponte rodoferroviária de dois tabuleiros, cuja proposta se assemelha à ponte Luís I.

Segundo o estudo, “o encontro na margem norte, na cidade do Porto, é feito sobre a Rua da China e a cerca de 40 m [metros] da Quinta da China”.

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“O acesso à estação de Campanhã é feito sobre a Rua da China, implicando também a afetação da linha de habitações de piso térreo e de 1 piso, no Bairro Agra e no Bairro da Alegria, até à Rua do Freixo“, pode ler-se no EIA.

O mesmo documento refere que atualmente estes bairros, “enquadrados pela Rua do Freixo, Travessa da Presa de Agra e Travessa do Freixo, são constituídos, fundamentalmente, por habitações unifamiliares de estratos sociais populares e envelhecidos”. Segundo o EIA, “a existência de ‘ilhas’ verifica-se também no lado oposto da linha de caminho de ferro, na Rua da Presa Velha, Rua da Formiga e Travessa da China, entre outras”.

O troço Porto-Aveiro da futura linha de alta velocidade ferroviária, que deverá ligar Vigo a Lisboa, custará 1,65 mil milhões de euros, dos quais 500 milhões financiados por fundos europeus e o restante através de contratos de concessão da conceção, construção, manutenção e financiamento.

A construção do troço Porto-Soure (que integra ainda o lote Aveiro-Soure, cuja publicação do EIA se aguarda), está prevista para o período entre 2024 e 2028 e a entrada em funcionamento do serviço ferroviário em 2029, e a ligação a Lisboa deverá estar a funcionar em 2031.