A Associação Nacional de Farmácias (ANF) e a nova direção da Ordem dos Médicos reuniram-se esta quarta-feira pela primeira vez para aprofundar relações e desenvolver intervenções para melhorar o Serviço Nacional de Saúde e o bem-estar dos doentes.

“O objetivo desta reunião era estreitar relações institucionais entre a Associação Nacional das Farmácias e a Ordem dos Médicos (OM), uma vez que a relação entre médicos e farmacêuticos comunitários, neste caso, é absolutamente fundamental para podermos implementar serviços na ótica da centralidade no cidadão e das suas necessidades”, disse a presidente da ANF, Ema Paulino, à agência Lusa no final da reunião.

Em cima da mesa estiveram, entre outros projetos, a dispensa de medicamentos em proximidade, o serviço profissional de renovação da terapêutica, a intervenção farmacêutica em situações clínicas ligeiras, além da importância do desenvolvimento dos canais de comunicação entre os profissionais de saúde.

Relativamente a estes projetos, Ema Paulino adiantou que a ANF está “a trabalhar afincadamente com o Ministério da Saúde”, com o envolvimento as ordens profissionais, no sentido de os operacionalizar, sendo a expectativa de estarem no terreno no final do terceiro trimestre ou no início do quarto trimestre deste ano.

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Nesse sentido, defendeu que é necessário estabelecer quais são as responsabilidades de cada um dos profissionais envolvidos e quais são as responsabilidades partilhadas, mas, “acima de tudo, como podem comunicar de forma a facilitar a jornada de saúde do cidadão”.

“Portanto, esta reunião era para falar sobre estas matérias e perceber que oportunidades de melhoria podemos trabalhar em conjunto”, salientou Ema Paulino.

Para o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes, esta reunião com a ANF no início do seu mandato tem “uma mensagem muito importante” que é a OM ter consciência que os profissionais de saúde fazem parte de “uma grande equipa, onde estão incluídos médicos e farmacêuticos”.

“Daí esta reunião ter servido sobretudo para nós abrirmos canais de comunicação e de bom relacionamento para vermos em conjunto quais são as melhores opções, as opções mais adequadas, em favor do doente e em favor do desenvolvimento do sistema de saúde e do Serviço Nacional de Saúde (SNS) em particular”, disse à Lusa.

Carlos Cortes adiantou que no início da reunião lhe foi apresentado um conjunto de propostas que vão merecer “uma análise mais aprofundada da Ordem dos Médicos”, mas adiantou que “muitas delas têm um acolhimento, em princípio, muito positivo”, e possibilitam às farmácias adquirirem outras competências.

Para o bastonário, o farmacêutico poder ter alguns dados de saúde que possam ser importantes para a sua intervenção.

Exemplificou que o acesso dos farmacêuticos a informação sobre alergias do doente, respeitando a confidencialidade dos dados e a autorização do doente, é uma “questão importante” para decidir se pode ou não dispensar determinado medicamento.

“Há aqui uma partilha de dados em saúde que não existe neste momento e que vai passar a poder existir, através do desenvolvimento de um sistema informático”, disse, sublinhando que há “uma sinergia muito importante” e que, “se a colaboração for aprofundada”, ambas as partes podem alertar o Ministério da Saúde para situações no SNS que “têm que ser melhoradas”.

“Nós bem sabemos que, neste momento, o Serviço Nacional de Saúde está a atravessar dificuldades muito graves. Pois bem, passa por uma série de intervenções e esta intervenção conjunta dos médicos e dos farmacêuticos é, do ponto de vista da Ordem, absolutamente fundamental”, rematou Carlos Cortes.