O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou esta quarta-feira em Pretória que os portugueses na África do Sul testemunharam o fim de um ciclo político de 50 anos, sublinhando que a reconciliação “está largamente feita”.

“Eu acho que sim, o que se passa na África do Sul, foi isso que eu quis explicar em todas as minhas intervenções, é que a África do Sul via a nível oficial Portugal como um Portugal do passado, e via durante muito tempo, agora já não há algum tempo, a comunidade portuguesa como uma comunidade sobretudo saudosista e do passado”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa.

Questionado pela Lusa no final de um encontro com a comunidade portuguesa residente na capital sul-africana — último ponto do programa da visita oficial à África do Sul –, o chefe de Estado sublinhou que “é bom que as duas partes percebam que nem a África do Sul vê já Portugal como o Portugal até 25 de abril de 1974, nem Portugal pode ver a África do Sul como uma realidade que não considera, porque considera, os portugueses que aqui vivem plenamente integrados”.

“O Presidente [Cyril Ramaphosa] disse-me eu vou contactar com os representantes das comunidades portuguesas, o que significa, eu percebo que há uma realidade nova cá dentro e Portugal, isto é, como Estado português, e a economia portuguesa e a sociedade portuguesa, são uma realidade nova diferente da que existia”, declarou.

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Sobre uma possível reconciliação nacional entre Portugal e as comunidades portuguesas na África do Sul, ex-residentes nas antigas colónias de Angola e Moçambique, no âmbito do 50º aniversário do 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa considerou à Lusa que “está largamente feita”.

“Eu acho que tenho feito isso ao longo da minha vida, e da minha presidência, que é defender, fui dos primeiros a defender o voto nas eleições presidenciais para os que vivem fora do território físico de Portugal, não existiu no início, depois a ideia do alargamento do eleitorado, dos votantes no estrangeiro, e pouco a pouco isso se fez, demorou tempo, mas fez-se, e essa reconciliação eu acho que está largamente feita”, frisou.

Anteriormente, Marcelo Rebelo de Sousa elogiou a coragem dos portugueses ex-residentes nos ex-territórios ultramarinos por recomeçarem “novas vidas” na África do Sul após a revolução de abril de 1974. “Há aqui gente que veio certamente de Angola e de Moçambique, tinham vidas começadas, pararam, recomeçaram na África do Sul e com que dificuldade”, referiu.

“Lembro-me de ter estado aqui nesses tempos e depois desses tempos, e antes da democracia, e depois da democracia, e saber aquilo que passaram os portugueses na África do Sul”, declarou o Presidente da República Portuguesa na sua intervenção na Associação da Comunidade Portuguesa de Pretoria (ACPP).