A Inspeção Geral das Atividades em Saúde (IGAS) detetou erros na assistência à grávida que, no ano passado, acabou por morrer quando foi transportada do Hospital de Santa Maria para o Francisco Xavier e que esteve na origem da demissão de Marta Temido do cargo de ministra da Saúde.

Segundo a CNN Portugal, há pelo menos três erros detetados na inspeção. O primeiro foi o do Hospital Santa Maria não ter provocado de imediato o parto. Na inspeção citada diz-se que “apesar do diagnóstico de pré-eclâmpsia, e não obstante a terminação da gravidez ser o único tratamento definitivo, as equipas decidiram pelo protelamento do parto”.

Grávida morre após transferência de hospital por falta de vaga

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O segundo erro, ainda segundo a mesma notícia, foi a decisão de enviar a grávida de ambulância para outro hospital, considerando haver um risco moderado na transferência. E, por fim, um terceiro erro no transporte.

“Atenta a factualidade ocorrida logo após 30 segundos do início do transporte e a gravidade do quadro clínico deveria a equipa ter regressado ao hospital de origem, o que não fez”, segundo a inspeção citada pela CNN Portugal.

Na altura, o Hospital de Santa Maria explicou a decisão de transportar a grávida para o São Francisco Xavier tendo por base o estado clínico da paciente e tendo em conta indicações científicas benéficas para o bebé.

Luísa Pinto, diretora de obstetrícia do Hospital Santa Maria, explicou, na altura, que a mulher foi atendida no Santa Maria, ficou a ser vigiada durante várias horas e, devido à falta de vagas no serviço de neonatologia — a gravidez ia na 31.ª semana —, a equipa clínica decidiu a transferência para o São Francisco Xavier. Uma das ressalvas deixadas pela equipa é o facto de o sistema não ter qualquer historial clínico da grávida, de nacionalidade indiana, por esta ter sido a primeira vez que recorreu ao SNS. Ainda assim, nada indicava que pudesse haver complicações durante o transporte. A responsável garante que foram “tomadas todas as medidas” necessárias e que, após a assistência no Santa Maria, a grávida “ficou estabilizada” e tomou-se a decisão da transferência. “Não era de todo expectável a paragem cardiorespiratória” durante a deslocação, garantiu a médica, que explicou ainda que “a mãe não carecia de internamento em cuidados intensivos no momento em que foi transferida”.

“Não era de todo expectável a paragem cardiorespiratória.” As explicações do Santa Maria sobre grávida que morreu após transporte

As explicações do Hospital Santa Maria foram dadas a 30 de agosto, já depois de Marta Temido ter comunicado a sua decisão de se demitir.

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