Uma mulher de 41 anos, residente no concelho de Macedo de Cavaleiros, foi detida por suspeitas de crime de tráfico de pessoas, informou a Polícia Judiciária esta quinta-feira em comunicado.

De acordo com a PJ, a mulher, cuja identificação não foi divulgada, “iludiu um ex-emigrante num país europeu, com promessas de uma vida em comum”, tendo, em vez disso, obrigado a vítima, um homem de 55 anos, sem família e diagnosticado com uma “doença grave”, a viver num anexo, “sem condições de higiene e salubridade”.

A “manobra ardilosa”, acrescenta a PJ, que deu seguimento a um mandado de detenção emitido pelo DIAP (Departamento de Investigação e Ação Penal) de Viseu, visava as “elevadas reformadas” auferidas pela vítima. Desde 2021, “pelo menos”, que a mulher as usava em “proveito próprio”, pode ler-se ainda no comunicado.

De acordo com o Jornal de Notícias, que esta sexta-feira avança a notícia, a mulher ter-se-á apropriado de pelo menos 100 mil euros  — o homem, emigrante durante quase toda a vida no Luxemburgo, em França e em Espanha e de regresso a Portugal depois de sofrer um acidente que o debilitou e incapacitou permanentemente para o trabalho, receberia, no total, 2.500 euros por mês.

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Ainda assim, desde 2021, viveria sem quaisquer condições no anexo de uma casa nos arredores de Viseu, para onde se mudou com a agora detida, que terá conhecido nesse mesmo ano numa instituição de solidariedade social em Bragança.

Segundo o JN, foi em fevereiro, depois de ter pedido ajuda a um vizinho, por não ter o que comer nem beber — “A suspeita, visando condicionar a vontade da vítima, privou-a de alimentação adequada”, pode ler-se no comunicado da PJ  —, que as autoridades foram alertadas para a situação.

O homem foi imediatamente resgatado e encaminhado para uma instituição especializada para vítimas de tráfico de seres humanos, onde permanece. Já a mulher fugiu de Torredaita, a aldeia de Viseu onde tinha arrendado a casa isolada, com anexos, onde mantinha o ex-emigrante, para Macedo de Cavaleiros, de onde é natural — e onde foi agora detida.

Diz o jornal, citando fontes da investigação, que a mudança da mulher para aquele local cumpria dois propósitos: afastar a vítima de Trás-os-Montes para a isolar ainda mais, e ficar mais perto do namorado, que na altura estava recluso no Estabelecimento Prisional de Viseu. Quando foi detida pelas autoridades, que lhe confiscaram o BMW que comprou, alegadamente com o dinheiro da vítima, a mulher estava com ele.

Entretanto foi libertada, está obrigada a apresentar-se às autoridades duas vezes por semana e proibida de estabelecer contacto com a vítima.