Nada do que aconteceu a Beatriz Haddad Maia estava nos planos. Imprevistos acontecem. De repente, a tenista brasileira deu por si no Philippe-Chatrier a liderar o tiebreak do segundo set frente a Iga Swiatek, número um do mundo, na meia-final de Roland Garros. A polaca acabaria por vencer – 6-2 7-6 (9-7) -, uma partida que o percurso de Bia não fazia prever que alguma vez conseguisse jogar.

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“Em primeiro lugar, estou feliz. Acho que este jogo e esta semana me vão trazer muitas coisas para melhorar, coisas que aprendemos e que constroem o nosso jogo e a nossa mentalidade. O nosso objetivo era ir à terceira ronda. Antes do Roland Garros 2023, o meu melhor resultado num Grand Slam tinha sido a segunda ronda”, disse a tenista de 27 anos que se tornou na primeira brasileira a chegar tão longe no torneio desde 1968. Desta vez, fez seis jogos no Major francês com a vitória contra Ons Jabeur – 3-6, 7-6 (7-5) e 6-1 -, partida em que esteve em desvantagem, como momento alto. Pela para decidir o acesso à final, onde já estava Karolina Muchova, Beatriz Haddad Maia teve um especialista na terra batida como Iga Swiatek.

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“Não é fácil estar neste palco. A Iga foi melhor do que eu. No início, fui um pouco emocional. Jogar uma meia-final pela primeira vez, contra a Iga, que é a número 1 no mundo, no Philippe-Chatrier, com muitos brasileiros… não consegui ser disciplinada e concentrada nas coisas que tinha que ser, mas dei o meu melhor”, comentou a brasileira, elencando uma lista de sonhos realizados.

Até chegar ao grandes palco, Beatriz Haddad Maia cedo começou a pisar os courts em provas do WTP, mas também cedo começaram os problemas físicos. Aos 17 anos, já participava em provas do circuito feminino, temporada em que teve lesões no ombro, forçando-a a quatro meses de paragem e a uma cirurgia. No entanto, não ficou livre de recaídas que lhe prejudicaram o início de carreira. Em 2017, um acidente doméstico fez com que fraturasse três vértebras.

Se a edição 2023 do Roland Garros foi positiva, a edição de 2018 não tanto. Beatriz Haddad Maia foi forçada a desistir devido às dores provocadas por uma hérnia lombar, um problema que também já a tinha afetado na juventude.

O problema que enfrentou aconteceu em 2019. A tenista ficou suspensa por ter testado positivo num teste antidoping. A brasileira defendeu-se alegando um erro na mistura nos suplementos da atleta. A verdade é que os anabolizantes detetados não a permitiram fugir ao castigos. “Recebi muitas críticas. As pessoas não estavam ao meu lado. Sou uma mulher muito forte e tive apoio da minha família e da minha equipa. Durante esses períodos, entendi que só podia contar com essas pessoas, porque o público só aparece mesmo quando se está no topo”, disse Bia em entrevista ao site brasileiro UOL. Como se não fosse suficiente, em 2020, teve que ser operada à mão esquerda devido a um tumor, voltando a ficar afastada dos courts.

No ano passado, conquistou dois títulos, em Nottingham e em Birmingham, ambos em relva, o que, aliado à boa prestação em Roland Garros, lhe abre perspetivas para Wimbledon, torneio onde pode chegar como número 10 do mundo. Para isso acontecer, Iga Swiatek tem que vencer a final deste sábado frente a Muchova.