Era uma boa notícia ainda que à condição, podia ser uma má notícia caso as limitações continuassem. Apesar das dúvidas que Miguel Oliveira e a própria equipa foram colocando em relação a um regresso em Mugello, a parte final do português à lesão no ombro contraída em Espanha decorreu da melhor forma e permitiu um regresso do Falcão às pistas já no Grande Prémio de Itália, sexta prova do Campeonato do Mundo de 2023. No entanto, e apesar desse forcing final, o piloto da RNF Aprilia estaria muito dependente da reação que poderia ter em pista, tendo em conta o desconforto que tinha manifestado quando voltou a uma moto.

“Estou entusiasmado por ir a Mugello”: Miguel Oliveira confirma regresso em Itália (a admitir que precisa de mais experiência com a moto)

“Estou muito entusiasmado por ir a Mugello. O maior ponto de interrogação neste momento é perceber como vou conseguir aguentar fisicamente numa pista difícil como esta em cima de uma moto. Nos últimos dias senti-me melhor e espero que isso seja o suficiente para chegar e ser competitivo. É esse o principal objetivo. Sei que ainda preciso de mais experiência com a moto e de mais corridas mas a prioridade é regressar forte e a 100%. Vou a Mugello com isso em mente e espero que possamos fazer um bom fim de semana. Estou entusiasmado por voltar a ver a equipa”, comentara o número 88 no início da semana.

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Miguel Oliveira declarado apto para o GP de Itália de MotoGP

“Sinto-me bastante confiante. Acredito que, se continuar o fim de semana, vou continuar para fazer boa figura e não para simplesmente participar. Aquilo em que me tenho concentrado é perceber aquilo que podia ter feito de diferente, analisar pragmaticamente todas as situações, mas não tenho grandes coisas a mudar na minha atitude ou na minha abordagem ao fim de semana. Aquilo que realmente desejo, e acredito que vou conseguir, é fazer mais corridas, ainda só completei uma corrida ao domingo, que foi no Texas. Deixa-me com muita vontade de voltar à pista mas sei que tenho de voltar a 100% e é isso que a equipa me pede. Ninguém me está a pedir apenas para participar, querem que eu esteja a 100%. É muito especial, Mugello é um circuito em que, antes da vitória, já tive muito boas prestações no Moto3 e Moto2. São grandes memórias e isso leva-me a querer participar em Mugello e a querer fazer bem, é um circuito que traz essa sensação especial”, acrescentara Miguel Oliveira antes dos treinos livres em declarações à SportTV.

A expetativa era muita, a primeira sessão de treinos livres acabou por baixar a fasquia. Num período em que Álex Márquez (Gresini) foi o mais rápido seguido de Fabio Quartararo e Brad Binder, as Aprilia tiveram um comportamento irregular com Maverick Viñales e o surpreendente Raúl Fernández no top 10 e Miguel Oliveira apenas na 21.ª posição a mais de um segundo e meio do espanhol mas à frente de Aleix Espargaró, piloto da equipa de fábrica que voltou às boxes com queixas na perna esquerda depois de uma queda mais aparatosa. “Melhorámos o nosso tempo mas os outros eram muito mais competitivos. Não conseguimos fixar a nossa referência na sexta-feira e isso custou-nos tempo, e o timing das nossas saídas durante as sessões não foi o melhor, não consegui apanhar um cone de aspiração para baixar ainda mais o tempo. Olhando para o ritmo de corrida no geral, sinto que é possível fazer melhor”, admitiu o piloto português.

A parte física e a forma como Miguel Oliveira reagia em pista, no regresso depois de uma lesão mais delicada do que aquela que teve na perna após ser abalroado por Marc Márquez no Algarve, era algo importante a ter em conta a médio prazo, mas o número 88 estava apostado em melhorar o seu registo na sessão de treinos livres que tinha ficado a mais de um segundo do companheiro na RNF Aprilia, Raúl Fernández, que fechara o top 10 nos TL1. Esse era até um dos principais pontos de análise para o Falcão, que conseguiu ser sempre melhor (ou muito melhor) do que o espanhol em qualificações e corridas que tivesse terminado.

A meio da segunda sessão de treinos livres, Miguel Oliveira tinha conseguido melhorar em relação ao que fizera de manhã ainda que não passasse de 19.º mas encontrava-se a quase um segundo de Álex Márquez e a mais de meio segundo de Raúl Fernández, que se mantinha de forma surpreendente em décimo. Tudo estava sem alterações até aos últimos dez minutos, com o top 10 a manter-se em relação aos tempos que tinham sido marcados de manhã e o português a descer a 20.º após a melhoria de Aleix Espargaró (16.º). Era aí que começava realmente o momento para cravar melhores tempos, com Oliveira a baixar a fasquia do 1.47 mas ainda longe de qualquer remota aspiração de entrar na Q2 de forma direta, a meio segundo do agora décimo Zarco e com Raúl Fernández a entrar nas voltas finais em quinto antes de cair para fora do top 10.

Também aí, a última volta foi sobretudo marcada pelas incidências em torno da Aprilia: Fernández, que era décimo, caiu da Q2 depois da quarta posição de Brad Binder e, mesmo a fechar, Aleix Espargaró chegou ao nono lugar deixando em 11.º o seu companheiro de equipa Maverick Viñales. Já Miguel Oliveira não foi além do 18.º posto, longe dos lugares cimeiros e com essa certeza de que teria de mudar algo para ser mais competitivo logo a começar pela Q1 na manhã deste sábado antes da corrida sprint que se realiza às 14h. Na Q2 estão já confirmados Pecco Bagnaia, Marco Bezzecchi, Álex Rins, Brad Binder, Jorge Martín, Enea Bastianini, Johann Zarco, Marc Márquez (que caiu quase no final da sessão) e Aleix Espargaró.