Por um lado, o Marítimo queria prolongar um percurso de 38 anos sem sair da Primeira Liga. Por outro lado, o Estrela da Amadora queria terminar com um percurso de 14 anos longe da Primeira Liga. Depois da vitória dos amadorenses na primeira mão do playoff decisivo, há uma semana e na Reboleira, as duas equipas voltavam a encontrar-se no Funchal para fechar quem ficava no principal escalão do futebol português e quem teria de disputar o segundo na próxima temporada.

E Sérgio Vieira, na antevisão da partida e sabendo que o Estrela da Amadora só precisava de um empate para alcançar a histórica subida, garantia que a equipa não ia à procura de serviços mínimos. “O nosso objetivo é melhorar, é buscar a perfeição, sabendo que a história é diferente. É fora de casa, o fator emocional é diferente… Vamos ter, novamente, de ser nós a transformarmo-nos. Eles dentro do campo e nós, equipa técnica e estrutura, a ajudar a que isso possa ser possível. Sentimos que a equipa está estável, equilibrada. Não está ansiosa nem stressada, não tem motivação em excesso. Está equilibrada, como sempre esteve”, indicou o técnico do conjunto que terminou no terceiro lugar da Segunda Liga.

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Já José Gomes, treinador do Marítimo, mostrou-se plenamente confiante na reviravolta. “Os nossos adeptos têm sido incríveis ao longo da temporada. Sei que vão novamente estar presentes e que vão gritar do primeiro ao último minuto pela nossa equipa, apoiando os nossos jogadores. Estamos a defender os interesses de muitas famílias, de uma região e, sobretudo, de um grande clube. Dentro das quatro linhas é que vamos ver quem é que tem capacidade, quem é que merece, provar que merecemos ficar na Primeira Liga. Estamos no intervalo de uma decisão, estamos em desvantagem por 2-1 e temos 90 minutos para dar a volta. Vamos dar a volta à situação que temos pela frente”, completou o técnico dos madeirenses.

O Marítimo abriu o marcador ainda dentro dos 20 minutos iniciais, com Xadas a bater Bruno Brígido com um remate de pé esquerdo de fora de área (18′) que empatou a eliminatória e levou as bancadas dos Barreiros à loucura. Menos de 10 minutos depois, porém, o capitão Miguel Lopes empatou a partida na sequência de um canto (26′) e recuperou a vantagem do Estrela da Amadora, provocando um golpe visível na motivação madeirense. Ainda assim, antes do intervalo, André Vidigal ainda voltou a marcar para a equipa da casa — mas o golo foi anulado por fora de jogo do avançado (40′).

José Gomes mexeu logo ao intervalo, provavelmente por problemas físicos de Zainadine, e trocou o experiente defesa por Renê Santos. O jogo perdeu qualidade e intensidade na segunda parte, entre muitas paragens e várias substituições, e os dois jogadores até se desentenderam na ponta final, com Sérgio Vieira a acabar mesmo por ser expulso pelo árbitro João Pinheiro. Já nos descontos, numa altura de muita insistência do Marítimo, Winck cruzou da direita e Chuchu Ramírez apareceu a cabecear na grande área (90+6′) e levou tudo para prolongamento.

Nada mudou na meia-hora extra, com o Marítimo a manter o ascendente que tinha transportado do tempo regulamentar e a ficar perto de marcar novamente por intermédio de Chuchu Ramírez, que cabeceou para uma enorme defesa de Brígido (103′). O Estrela da Amadora aproximou-se da baliza de Marcelo Carné na ponta final da primeira parte do prolongamento e no início da segunda, com Mansur a cabecear por cima depois de um livre (108′), mas nenhuma das equipas conseguiu evitar as grandes penalidades.

Aí, Diogo Mendes e Chuchu Ramírez falharam para os madeirenses, Aloísio falhou para os amadorenses e o Estrela da Amadora garantiu mesmo o regresso à Primeira Liga 14 anos depois (1-1, 2-3 após grandes penalidades), após uma queda aos infernos e uma refundação do clube, e está de volta à elite do futebol português. Já o Marítimo cai para a Segunda Liga pela primeira vez em 38 anos e deixa a Madeira sem qualquer representante no Campeonato ao fim de quase quatro décadas com pelo menos uma equipa madeirense na tabela.