Mário Costa, fundador da Bsports Academy e agora ex-dirigente da Liga de Futebol, terá pressionado o Governo para acelerar os processos de obtenção de visto dos jovens jogadores da academia de Riba de Ave, no concelho de Vila Nova de Famalicão. De acordo com o Expresso, Mário Costa, constituído arguido esta semana por suspeitas de tráfico de pessoas, esteve reunido no gabinete de Ana Catarina Mendes, ministra-adjunta e dos Assuntos Parlamentares, há cinco meses.
A reunião aconteceu no dia 23 de janeiro, adianta este jornal. No entanto, o gabinete da ministra Ana Catarina Mendes sublinhou que “não agilizou qualquer processamento de emissão de vistos de atletas estrangeiros”. E o gabinete de João Paulo Correia, secretário de Estado da Juventude e do Desporto, “não recebeu qualquer contacto, nem o tema foi objeto das reuniões do secretário de Estado com os órgãos da Liga Portugal”, acrescentou o gabinete.
Aliás, este secretário de Estado chegou a pedir a demissão de Mário Costa do cargo de presidente da Assembleia Geral da Liga. “Considero que é inaceitável, chocante e condenável a situação que o SEF nos deu a conhecer publicamente, através de uma operação de tráfico de seres humanos numa academia”, disse João Paulo Correia, esta quarta-feira, momentos antes da reunião de carácter urgente da Liga.
Esta segunda-feira, cerca de 50 inspetores do SEF fizeram buscas nas instalações da Bsports Academy e em casa de Mário Costa. Foram identificados 47 jovens vítimas de tráfico de pessoas — 36 são menores. As autoridades suspeitam que está em causa um esquema que prometia a jovens da América Latina, África e Ásia uma carreira de sonho no mundo do futebol europeu. Para chegarem às instalações da Bsports, as famílias teriam de pagar uma mensalidade que poderia chegar aos 600 euros. Já em Portugal, dentro da academia, muitos jovens terão começado a perceber que os seus documentos de identificação — o passaporte — lhes eram retirados.
Conselho de Justiça da Federação Portuguesa de Futebol instaura processo a Mário Costa
Segundo uma notícia da RTP, a mãe de um dos jogadores que diz ter conseguido fugir das instalações explicou que assinou um contrato com a Bsports, válido por 11 meses, que previa o pagamento total de 11 mil euros — mil euros por mês à academia. Antes da assinatura do contrato, ainda na Colômbia, a mulher terá pago 500 euros a um representante, responsável por fazer a ponte com a academia portuguesa. A mensalidade incluía formação desportiva, alojamento, alimentação e aulas.
Mais 30 “jovens adultos” abandonaram academia de futebol em Famalicão