No segundo trimestre do ano, o salário bruto total médio em Portugal subiu 2,4% em termos reais, isto é, com o efeito da inflação, que o INE calcula que tenha desacelerado para os 4,4% no trimestre. Se não fosse este indicador, a estimativa do instituto de estatística é que a remuneração média subisse 6,7%, para 1.539 euros, face ao mesmo período do ano anterior.

O INE calcula que os preços estejam a abrandar mais rapidamente do que as remunerações, daí o aumento real registado entre abril e junho, após a queda de 0,2% no salário real no trimestre terminado em março. “Em relação ao trimestre terminado em março de 2023, assistiu-se a uma forte desaceleração dos preços (de 8,0% para 4,4%) e a uma menor desaceleração das remunerações (de 7,8% para 6,7%, no caso das remunerações totais)”, acrescenta o INE.

A remuneração total inclui componentes salariais como os subsídios de férias e de Natal, pelo que pode ter um comportamento sazonal. Outro indicador que o INE utiliza, e que permite excluir esta componente da sazonalidade, é a remuneração bruta regular, que aumentou 6,8% em relação ao período homólogo, um crescimento inferior em 0,5 p.p. ao observador no trimestre terminado em março. Com o efeito da inflação, a subida foi mais limitada: 2,4%.

Generalidade dos setores tem ganhos

Em termos setoriais, o maior aumento relativo da remuneração total foi observado nas “Atividades administrativas e dos serviços de apoio” (9,2%, mas 4,7% com o efeito da inflação), seguido das atividades dos “organismos internacionais e outras instituições extraterritoriais” (9,1%, também 4,7% com a inflação). Já a única diminuição homóloga da remuneração total, em termos nominais, foi registada nas atividades de “Eletricidade, gás, vapor, água quente e fria e ar frio” (0,2%, uma perda real de 4,3%). Porém, em termos reais, houve perdas também no setor da “agricultura, produção animal, caça, floresta e pesca” (-1,2%) e nas “atividades financeiras e de seguros” (-0,7%).

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A remuneração total aumentou em todos os escalões de dimensão da empresa, tendo as maiores variações ocorrido nas empresas com 1 a 4 trabalhadores (7,7%) e a menor nas empresas com 100 a 249 trabalhadores (5,3%). A remuneração total real aumentou entre 1% nas empresas de 100 a 249 trabalhadores e 3,2% nas empresas com 1 a 4 trabalhadores.

Já na administração pública, registou-se uma subida homóloga de 6,4% no salário médio total que atingiu 2.328 euros em junho de 2023 (2.188 euros um ano antes). Em termos reais, a subida foi de 2,2%, abaixo da do setor privado (3,1% em termos reais e 7,5% na subida nominal).

“As diferenças nos níveis remuneratórios médios entre o sector das AP e o sector privado refletem, entre outras, diferenças no tipo de trabalho realizado, na composição etária (com impacto na acumulação de capital humano e de experiência profissional) e nas qualificações dos trabalhadores que os integram. Com efeito, verifica-se que os trabalhadores do sector das AP têm, em média, níveis de escolaridade mais elevados: 55,3% dos trabalhadores neste sector tinham ensino superior (22,7% no sector privado), 26,7% tinham completado o ensino secundário ou pós-secundário (32,4% no sector privado) e 18,0% tinham um nível de escolaridade correspondente, no máximo, ao 3.º ciclo do ensino básico (44,9% no sector privado)”, explica o INE.

Estes resultados abrangem 4,6 milhões de postos de trabalho, correspondentes a beneficiários da Segurança Social e a subscritores da Caixa Geral de Aposentações, mais 4,1% do que no mesmo período de 2022.