A Polícia Federal do Brasil vai intimar Michelle Bolsonaro, ex-primeira-dama brasileira, a depor sobre o caso de desvio e venda ilegal de bens oferecidos ao marido, Jair Bolsonaro, por autoridades do governo da Arábia Saudita enquanto ocupava o cargo de Presidente do país.
De acordo com o jornal “O Globo”, o nome de Michelle Bolsonaro aparece numa troca de mensagens revelada no inquérito que resultou esta sexta-feira nos quatro mandados de busca e apreensão no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília. As buscas visam os aliados de Jair Bolsonaro no âmbito da operação Lucas 12:2.
Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal, justificou a decisão citando uma mensagem enviada pelo coronel Marcelo Câmara, assessor de Bolsonaro, a Mauro Barbosa Cid, ex-ajudante de ordens, que daria a entender que Michelle Bolsonaro teria desviado ilegalmente um bem oferecido no contexto da presidência do marido.
Sobre estas trocas de mensagens, a Polícia Federal explicou que as mesmas “revelam que, apesar das restrições, possivelmente, outros presentes recebidos pelo ex-presidente Jair Bolsonaro podem ter sido desviados e vendidos sem respeitar as restrições legais”.
Buscas a aliados de Jair Bolsonaro envolvidos em caso de venda ilegal de joias
Os desvios e vendas ilegais de joias
A Polícia Federal brasileira emitiu esta sexta-feira um comunicado sobre o cumprimento dos quatro mandatos no âmbito da operação Lucas 12:2, que “tem o objetivo de esclarecer a atuação de associação criminosa constituída para a prática dos crimes de peculato e branqueamento de capitais“.
“Os investigados são suspeitos de utilizar a estrutura do Estado brasileiro para desviar bens de alto valor patrimonial, entregues por autoridades estrangeiras em missões oficiais a representantes do Estado brasileiro, por meio da venda desses itens no exterior,” acrescentou.
Os valores obtidos dessas vendas, que incluem um relógio Rolex recebido por Bolsonaro quando era Presidente do Brasil, foram convertidos em dinheiro e ingressados no património pessoal dos homens sob investigação sem que fosse utilizado o sistema bancário formal. O objetivo era ocultar a origem, a localização e a propriedade dos valores.
Os principais alvos são o general do Exército Mauro Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro Mauro Barbosa Cid, o advogado Frederick Wassef e o tenente do Exército Osmar Crivelatti.