Os líderes dos Balcãs, Ucrânia e países vizinhos, assinaram uma declaração onde refletem o apoio à Ucrânia e destacam a importância de se juntarem à União Europeia.
O Presidente da Sérbia, Aleksandar Vučić, disse aos jornalistas que respeita a integridade territorial e a soberania da Ucrânia, mas que não concordava com a parte da Declaração dos líderes dos Balcãs ocidentais que defendia a aplicação de sanções mais eficazes contra a Rússia.
Vučić referiu que se foram reformulando os parágrafos do documento. Na Declaração de Atenas divulgada pelo governo grego não há referência a quaisquer sanções à Rússia.
An open, honest, and fruitful meeting with the President of Serbia @AVucic.
Good conversation on respect for the UN Charter and the inviolability of borders.
On our nations’ shared future in the common European home.
On developing our relations, that is in our mutual interest. pic.twitter.com/t7d9DdUH7M
— Volodymyr Zelenskyy / Володимир Зеленський (@ZelenskyyUa) August 22, 2023
A Declaração de Atenas recorda também a Cimeira de Salónica, na Grécia, em 2003, quando pela primeira vez se considerou que antigas repúblicas jugoslavas estavam mais próximas da Europa e eram candidatas a Estados-membros da União Europeia (UE). Agora, os Estados signatários dizem apoiar a Ucrânia e a Moldávia a juntarem-se à União Europeia.
A escalada da guerra contra a Ucrânia revelou a necessidade urgente de uma UE forte, resiliente e inclusiva como pedra angular da paz e da prosperidade entre os nossos povos nestes tempos difíceis”. lê-se no quinto ponto da declaração.
Leia, em baixo, a Declaração de Atenas na íntegra:
Nós, Presidente Aleksandar Vučić [Sérvia], Presidente Maia Sandu [Moldávia], Presidente Volodymyr Zelensky [Ucrânia], Presidente Jakov Milatović [Montenegro], primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis [Grécia], primeiro-ministro Ion-Marcel Ciolacu [Roménia], Prime Minister Albin Kurti [Kosovo], presidente do Conselho de Ministros Borjana Krišto [Bósnia e Herzegovina], primeiro-ministro Dimitar Kovachevski [Macedónia do Norte], primeiro-ministro Nikolai Denkov [Bulgária] e primeiro-ministro Andrej Plenković [Croácia], na presença do Presidente do Conselho Europeu [Charles Michel] e da Presidente da Comissão Europeia [Ursula von der Leyen], reuniram hoje [dia 21 de agosto de 2022] em Atenas, 20 anos depois da história cimeira entre a União Europeia e os Balcãs ocidentais em Salónica e emitiram a seguinte declaração:
- A invasão russa da Ucrânia é um momento crucial para a Europa, criando um novo nível de consciência dos princípios partilhados, da unidade e futuro comum dentro da UE. Este é um momento crítico para a segurança, a paz e a estabilidade do nosso continente europeu. As leis e os princípios que contribuíram durante tanto tempo para uma ordem de segurança europeia estável e previsível foram violados e testemunhamos novamente a manifestação dos efeitos desastrosos do revisionismo.
- Perante a agressão russa, expressamos o nosso apoio inabalável à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras reconhecidas internacionalmente, com base nos valores da democracia e do Estado de direito.
- Nas nossas discussões de hoje em Atenas, manifestámos o nosso apoio e apreço pelos esforços sérios do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na definição dos princípios para a paz, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, na sua Fórmula de Paz. Saudámos também os esforços da Assembleia Geral da ONU para promover uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia.
- Concordámos que não pode haver impunidade para crimes de guerra e outras atrocidades, tais como ataques contra civis e a destruição de infra-estruturas, e que todos os responsáveis devem ser responsabilizados.
- Há vinte anos, a Cimeira de Salónica reconheceu que os Balcãs Ocidentais pertencem à União Europeia. Acreditamos firmemente que hoje esta afirmação continua mais relevante do que nunca. A escalada da guerra de agressão contra a Ucrânia revelou a necessidade urgente de uma UE forte, resiliente e inclusiva como pedra angular da paz e da prosperidade entre os nossos povos nestes tempos difíceis.
- Salientamos que os Balcãs Ocidentais, a Ucrânia e a República da Moldávia, geograficamente adjacentes aos Estados-membros da UE, têm uma herança europeia comum, uma história e um futuro definido por oportunidades e desafios partilhados. Enquanto investimento estratégico na paz, segurança e estabilidade na Europa, é importante que estas regiões sejam abraçadas como membros de pleno direito da família europeia.
- Hoje, em Atenas, discutimos o caminho a seguir para tornar esta visão da Europa uma realidade. Sublinhamos a importância de estabelecermos uma meta para a concretização da visão de uma UE enriquecida com os Balcãs Ocidentais, a Ucrânia e a República da Moldávia. Sublinhámos a necessidade de um processo de alargamento revitalizado e reorientado, que seja tangível e credível, sem atalhos para as condições estabelecidas. Manifestámos o nosso compromisso de apoiar a Ucrânia e a Moldávia a darem os próximos passos no seu processo de adesão assim que concluírem as reformas necessárias.
- Acreditamos firmemente que 20 anos após a Cimeira de Salónica e à luz da nova realidade geopolítica, chegou o momento de adotar um objetivo final ousado e ambicioso que servirá de guia, inspiração e contexto.