Os líderes dos Balcãs, Ucrânia e países vizinhos, assinaram uma declaração onde refletem o apoio à Ucrânia e destacam a importância de se juntarem à União Europeia.

O Presidente da Sérbia, Aleksandar Vučić, disse aos jornalistas que respeita a integridade territorial e a soberania da Ucrânia, mas que não concordava com a parte da Declaração dos líderes dos Balcãs ocidentais que defendia a aplicação de sanções mais eficazes contra a Rússia.

Vučić referiu que se foram reformulando os parágrafos do documento. Na Declaração de Atenas divulgada pelo governo grego não há referência a quaisquer sanções à Rússia.

A Declaração de Atenas recorda também a Cimeira de Salónica, na Grécia, em 2003, quando pela primeira vez se considerou que antigas repúblicas jugoslavas estavam mais próximas da Europa e eram candidatas a Estados-membros da União Europeia (UE). Agora, os Estados signatários dizem apoiar a Ucrânia e a Moldávia a juntarem-se à União Europeia.

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A escalada da guerra contra a Ucrânia revelou a necessidade urgente de uma UE forte, resiliente e inclusiva como pedra angular da paz e da prosperidade entre os nossos povos nestes tempos difíceis”. lê-se no quinto ponto da declaração.

Leia, em baixo, a Declaração de Atenas na íntegra:

Nós, Presidente Aleksandar Vučić [Sérvia], Presidente Maia Sandu [Moldávia], Presidente Volodymyr Zelensky [Ucrânia], Presidente Jakov Milatović [Montenegro], primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis [Grécia], primeiro-ministro Ion-Marcel Ciolacu [Roménia], Prime Minister Albin Kurti [Kosovo], presidente do Conselho de Ministros Borjana Krišto [Bósnia e Herzegovina], primeiro-ministro Dimitar Kovachevski [Macedónia do Norte], primeiro-ministro Nikolai Denkov [Bulgária] e primeiro-ministro Andrej Plenković [Croácia], na presença do Presidente do Conselho Europeu [Charles Michel] e da Presidente da Comissão Europeia [Ursula von der Leyen], reuniram hoje [dia 21 de agosto de 2022] em Atenas, 20 anos depois da história cimeira entre a União Europeia e os Balcãs ocidentais em Salónica e emitiram a seguinte declaração: 

  1. A invasão russa da Ucrânia é um momento crucial para a Europa, criando um novo nível de consciência dos princípios partilhados, da unidade e futuro comum dentro da UE. Este é um momento crítico para a segurança, a paz e a estabilidade do nosso continente europeu. As leis e os princípios que contribuíram durante tanto tempo para uma ordem de segurança europeia estável e previsível foram violados e testemunhamos novamente a manifestação dos efeitos desastrosos do revisionismo.
  2. Perante a agressão russa, expressamos o nosso apoio inabalável à independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia dentro das suas fronteiras reconhecidas internacionalmente, com base nos valores da democracia e do Estado de direito.
  3. Nas nossas discussões de hoje em Atenas, manifestámos o nosso apoio e apreço pelos esforços sérios do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, na definição dos princípios para a paz, em conformidade com a Carta das Nações Unidas, na sua Fórmula de Paz. Saudámos também os esforços da Assembleia Geral da ONU para promover uma paz abrangente, justa e duradoura na Ucrânia.
  4. Concordámos que não pode haver impunidade para crimes de guerra e outras atrocidades, tais como ataques contra civis e a destruição de infra-estruturas, e que todos os responsáveis ​​devem ser responsabilizados.
  5. Há vinte anos, a Cimeira de Salónica reconheceu que os Balcãs Ocidentais pertencem à União Europeia. Acreditamos firmemente que hoje esta afirmação continua mais relevante do que nunca. A escalada da guerra de agressão contra a Ucrânia revelou a necessidade urgente de uma UE forte, resiliente e inclusiva como pedra angular da paz e da prosperidade entre os nossos povos nestes tempos difíceis.
  6. Salientamos que os Balcãs Ocidentais, a Ucrânia e a República da Moldávia, geograficamente adjacentes aos Estados-membros da UE, têm uma herança europeia comum, uma história e um futuro definido por oportunidades e desafios partilhados. Enquanto investimento estratégico na paz, segurança e estabilidade na Europa, é importante que estas regiões sejam abraçadas como membros de pleno direito da família europeia.
  7. Hoje, em Atenas, discutimos o caminho a seguir para tornar esta visão da Europa uma realidade. Sublinhamos a importância de estabelecermos uma meta para a concretização da visão de uma UE enriquecida com os Balcãs Ocidentais, a Ucrânia e a República da Moldávia. Sublinhámos a necessidade de um processo de alargamento revitalizado e reorientado, que seja tangível e credível, sem atalhos para as condições estabelecidas. Manifestámos o nosso compromisso de apoiar a Ucrânia e a Moldávia a darem os próximos passos no seu processo de adesão assim que concluírem as reformas necessárias.
  8. Acreditamos firmemente que 20 anos após a Cimeira de Salónica e à luz da nova realidade geopolítica, chegou o momento de adotar um objetivo final ousado e ambicioso que servirá de guia, inspiração e contexto.