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Jerry Schatzberg na Cinemateca: um realizador singular que veio da fotografia para o cinema

Este artigo tem mais de 6 meses

É com "O Espantalho" (1973), que abre dia 7, quinta-feira, na Cinemateca, a retrospectiva 'Jerry Schatzberg — O Puzzle de um Cineasta', com a presença do nonagenário fotógrafo e cineasta americano.

Al Pacino e Gene Hackman em "O Espantalho" (1973), a obra maior de Jerry Schatzberg.
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Al Pacino e Gene Hackman em "O Espantalho" (1973), a obra maior de Jerry Schatzberg.

Al Pacino e Gene Hackman em "O Espantalho" (1973), a obra maior de Jerry Schatzberg.

O realizador e fotógrafo americano Jerry Schatzberg, a quem a Cinemateca dedica uma retrospetiva este mês (‘Jerry Schatzberg – O Puzzle de um Cineasta’ abre quinta-feira, dia 7, às 19h00, com “O Espantalho”), na qual estará presente, apesar dos seus 96 anos, é um de muitos nomes singulares do cinema dos EUA. Natural de Nova Iorque, Schatzberg era já um aclamado fotógrafo, de moda mas não só, publicado na Vogue, Life ou Esquire, assim como retratista de figuras como Bob Dylan (a foto de capa do álbum Blonde on Blonde é dele), Fidel Castro, Andy Warhol, Frank Zappa, Catherine Deneuve ou Roman Polanski, e realizador de anúncios, quando assinou o primeiro filme, “Tempo de Viver”, em 1970, baseado na história da disfunção mental de uma modelo sua amiga (interpretada por Faye Dunaway, com quem Jerry Schatzberg teve uma relação).

[o trailer de “Tempo de Viver”:]

Tendo dado uma preciosa contribuição para o novo fôlego e a nova sensibilidade do cinema americano nessa riquíssima e agitadíssima década de 70, Jerry Schatzberg — tal como notou o crítico francês Michel Ciment num longo artigo biográfico que lhe dedicou — sempre esteve fora de “grupos, escolas e clubes confortavelmente etiquetados”, não tendo pertencido “nem ao dos Italo-Americanos (Coppola, Scorsese, De Palma, Cimino), nem ao dos ‘wonder kids’ da eficiência tecnológica”. O seu território humano e artístico foi sempre o de Nova Iorque e não o de Hollywood, e o cinema estrangeiro, em especial o francês, uma forte influência (veja-se a estrutura narrativa “quebrada” e baralhada do citado “Tempo de Viver”, cujo título original é “Puzzle of a Downfall Child”).

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Os filmes de Jerry Schatzberg, nomeadamente os primeiros, prolongam, de alguma forma, a sua atividade fotográfica, por exemplo, na qualidade da direção de atores, virtude adquirida em muitos anos a lidar com as modelos e os retratados célebres, ou no verismo dos ambientes, sejam eles urbanos (a Nova Iorque de “Pânico em Needle Park” ou “Nova Iorque, Cidade Implacável”) ou não (a América interior de “O Espantalho” e “Música Pelo Caminho”). A pujança realista do estilo do realizador, que se estende da caracterização de personagens e atmosferas, até à psicologia, às situações dramáticas e às relações emocionais, está particularmente visível em “Pânico em Needle Park” (1971) e “O Espantalho” (1973).

[o trailer de “Pânico em Needle Park”:]

O primeiro, escrito em estreia por Joan Didion e John Gregory Dunne, e interpretado por um Al Pacino no seu segundo papel no cinema, e por Kitty Winn, que vivem um jovem casal viciado em heroína, e também um no outro, é um dos melhores filmes já feitos sobre a toxicodependência e os toxicodependentes. “Pânico em Needle Park” junta a veracidade humana do relacionamento entre os protagonistas à autenticidade do quotidiano e do meio dos “junkies” novaiorquinos, e não cede nem ao melodrama oportunista nem ao abjecionismo exibicionista (o papel que foi para Pacino estava pensado para Jim Morrison, dos The Doors).

Jerry Schatzberg não filma desde 2000, mas nunca deixou a fotografia

Quanto a “O Espantalho”, é um filme sobre aqueles que, por ou culpa própria ou por falha das estruturas sociais, são os derrotados do “sonho americano” e não sairão nunca da margem para onde se deixaram ir ou foram chutados. Al Pacino e Gene Hackman personificam Max e Lion, dois homens que vagueiam pelos EUA, a pé, à boleia ou de comboio sem pagar, um deles tendo abandonado a família, o outro pondo toda a esperança no negócio de lavagem de carros que diz ir abrir quando chegar à Pensilvânia. Fotografado por Vilmos Szigmond, e misto de “road movie” encardido e “buddy movie” tragicómico levado às costas pela dupla de atores, “O Espantalho” é uma das grandes fitas dos anos 70, em que Pacino e Hackman são a personificação acabada do falhanço, do desconcerto e do desespero auto-iludido.

[o trailer de “O Espantalho”:]

Nenhum dos filmes seguintes de Jerry Schatzberg conseguiu ombrear com este trio inicial. Mas não devemos nem podemos torcer o nariz a “Sweet Revenge” (1976), comédia excêntrica sobre uma atrevida ladra de automóveis, com Stockard Channing e Sam Waterston; “A Sedução de Joe Tynan” (1979), escrito e interpretado por Alan Alda, que faz um senador hipócrita e adúltero, Barbara Harris a sua sacrificada mulher, e Meryl Streep a amante; “Música Pelo Caminho” (1980), com Willie Nelson, muita música “country” e um triângulo amoroso envolvendo Dyan Cannon e Amy Irving; ou “Nova Iorque, Cidade Implacável” (1987), em que Christopher Reeve é um jornalista que inventa uma história sobre uma prostituta de Times Square (Kathy Baker) e o seu violento proxeneta (Morgan Freeman), e incorre na fúria deste (a interpretação deu a Freeman uma nomeação a Melhor Ator Secundário, e resgatou-o dos papéis de segundo plano para os principais, e para a fama).

[o trailer de “Nova Iorque, Cidade Implacável”:]

Jerry Schatzberg não realiza há muito tempo, desde “The Day the Ponies Came Back”, em 2000, mas nunca deixou de fotografar. E em todas as seus fitas, nas mais duradouras como nos outras, e como salientou o citado Michel Ciment, ele “faz-nos sentir algo que falta muitas vezes no cinema americano contemporâneo: a presença de um artista adulto e maduro, lidando com temas e personagens adultas e maduras”.

Veja aqui a programação completa do ciclo. E aqui o site de Jerry Schatzberg.

 
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